[Akitando] #61 - Meus Primeiros 5 Anos | 1990-1995

2019 September 12, 11:03 h

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Hoje quero voltar a contar algumas histórias. Se vocês assistiram os vídeos do começo do canal já devem ter visto alguns trechos de como eu era no começo de carreira.

Mas desta vez quero ir bem pra trás, até o momento zero! Muita gente tem essa dúvida: como começar? Como devo escolher o que aprender? Como eu sei que não estou perdendo tempo? E pra ajudar a responder essas perguntas vou dar como perspectiva como foi pra mim mesmo, dos 13 aos 18 anos, até o 1o ano de faculdade.

Esse período compreende os anos de 1990 a 1995. E eu acho que você pode se surpreender com a minha resposta a essas perguntas.

Vídeos complementares:

Links:

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Olá pessoal, Fabio Akita

Muita gente se pergunta como aprender as coisas. Como aprender Linux? Devo escolher Java primeiro ou Python primeiro? Melhor esquecer Web e ficar no Mobile? O que devo aprender primeiro? Eu sempre venho respondendo essas perguntas no canal de diversas formas, mas cada caso é um caso.

Muita gente olha pra mim, hoje, com quase 30 anos na área e por alguma razão tem dificuldade de imaginar como chegar no mesmo nível. Pra quem esta chegando agora no canal eu fui programador minha vida inteira na última década só que passei a fazer outras coisas como palestras, geração de conteúdo e abri minha própria empresa.

Na realidade, a maioria das pessoas superestimam o que eu realmente sei e aí parece ainda mais longe. Mas todo mundo também esquece que qualquer um com X décadas de carreira teve seu dia 1 igualzinho todo mundo, sem saber nada de nada, zero conhecimento, zero experiência, e zero noção de pra onde ir. Isso é o normal, ninguém nasce sabendo o que vai fazer pro resto da vida.

Eu já vim contando algumas histórias, como no Diário de Henry Jones, na Dimensão do Tempo, Sua Linguagem é Especial, e neste episódio quero contar alguns trechos de história dos meus primeiros cinco anos, que encaixa entre esses outros episódios. Vocês vão ver que no geral as histórias não são nada especiais, nenhum episódio sobrehumano tipo entrar no MIT com 15 anos ou algo assim. Esses casos existem mas não sou eu.

Essa história é para os iniciantes ansiosos. Muitos que estão assistindo o canal, ou são jovens que estão pensando em entrar na faculdade ou estão nos primeiros anos, ou então pessoas mais experientes nos seus 30 ou 40 querendo pular pra área. Pra vocês que querem saber como muitos de nós que já passamos pela área começamos. O objetivo não é dar uma receita pra ser copiada, só dar um contexto e perspectiva. Eu realmente acho que não é tão importante ficar encanado demais nos primeiros anos. Iniciantes tem muito pouca informação pra ficar tentando escrever em pedra "é isso que eu vou fazer pelos próximos 5 anos". Permita-se explicar.

Meus primeiros anos tendo exposição à computação foi do meio pro fim dos anos 80. Eu não tinha computador na época, eu tinha primos e amigos da escola que tinham e eu podia mexer quando ia na casa deles. Na minha cabeça um computador era uma coisa cara e inacessível pra mim, então eu só sonhava com o dia que eu teria meu próprio computador. Pensa que crianças como eu naquela época liam gibi da Turma da Mônica ensinando o que era o Dragão da Hiper Inflação e o Leão dos Impostos destruindo tudo. A gente cresceu entendendo que era normal nosso dinheiro não só não valer muita coisa. Felizmente minha família, que veio do interior tentar a vida na cidade grande, não era pobre, mas eu tinha noção que tinha coisas que eu não devia esperar ter.

Em 88 eu tinha uns 11 anos de idade, meu primeiro contato com alguma coisa que lembra código era no MSX hotbit do meu primo onde a gente minimamente precisava digitar um comando como LOAD pra carregar os games das fitas cassete. Foi assim que eu comecei a ter noção da idéia de que a gente dava comandos pra máquina executar. Eu via os códigos em revistas como a Micro Sistemas mas eu não tinha computador pra digitar. Eu via as propagandas de computadores da época como o MSX, os clones de Macintosh como o Unitron, os CP-400 ou CP-500 da Prológica, eram meus sonhos de consumo. Eu não tive nenhum deles, só pude mexer no dos outros de vez em quando.

Meu primeiro contato com programação de verdade foi em 1990, eu tinha 13 anos. Se eu não me engano alguém de telemarketing ligou em casa oferecendo desconto num curso de computação, e meus pais resolveram do nada me colocar nesse curso. Fomos eu e meu pai na verdade, aprender MBasic e Wordstar na Data Center, que já nem existe mais. Eu ouço as pessoas atrelando o aprendizado com algum objetivo fixo. Eu não entendo isso. Meu único desejo naquela época era programar qualquer coisa num computador, só isso, o único desejo de dar um comando e o computador me responder. Não tinha nenhum objetivo concreto, eu não estava pensando em aprender a programar pra ter uma carreira, ou porque eu queria abrir um negócio, nada disso. Era 1990, pensa que foi o ano que saiu Esqueceram de Mim e De Volta pro Futuro 3 nos cinemas, eu tinha 13 anos e zero noção do mundo.

Não lembro se foi nesse mesmo ano ou no ano seguinte, mas provavelmente entre 1990 e 1991, acho que meus pais se convenceram que eu realmente gostava de programar já que eu não desisti do curso, e modéstia a parte, eu entendia o Basic bem mais rápido que meu pai na época. Eu tinha um tio que era analista de sistemas, se não me engano ele fazia sisteminha pra uma loja de shopping e outros projetinhos pra outras pequenas empresas. Ainda estávamos na reserva de mercado, pra conseguir um bom computador, só indo no Paraguai, e esse tio conhecia alguém que trazia. Que nem hoje em dia que todo mundo conhece alguém que trás hardware de Miami. A gente não tinha Mercado Livre ou Gearbest, o mais próximo disso era a página de classificados nos jornais.

Enfim, meu pai resolveu investir num PC XT, com poderosos 1 MB de RAM, muito acima dos normais 640 kilobytes, um drive de floppy disk de 5 1/4" e outro mais moderno de 3 1/2" que suportava disquetes dupla face!!E poderosos 10MB de HD, que sei lá porque a gente chamava de Winchester naquela época. E junto um monitor CGA de 4 tons de fósforo verde e uma impressora matricial Epson FX 1050. O computador vinha com MS-DOS 3 e eu tinha GW-Basic e meu tio deixou instalado dBase III. Isso deve ter sido bem caro, hoje eu estimo que deve ter custado quase 2000 dólares em dinheiro dos anos 80! Eu tinha noção que era bem caro. E era basicamente isso que eu tinha. E era tudo que eu precisava, a partir daí eu me virei.

Pra ter uma noção de como eu tava feliz eu queria fazer meu próximo trabalho da escola no computador e imprimir na novíssima impressora, claro! Mas eu sequer tinha um editor de textos, e não tinha internet pra baixar. Como que eu fiz? Bom, a única coisa que eu sabia era Basic. Pois bem, abri o interpretador e fui digitando linha a linha do trabalho usando o comando PRINT. Detalhe, que eu não sabia e nem lembro se dava, pra navegar de volta pras linhas de cima. Uma vez que digitou era difícil de corrigir depois. Então da primeira vez eu tive meio que digitar do começo ao fim sem errar, felizmente era um texto curto. E foi assim que imprimi meu primeiro trabalho!

Em pouco tempo eu comecei a juntar mais programas. O DOS 5 eu acho que foi onde apareceu o editor Edit e o Quick Basic. Eu consegui uma cópia do Wordstar, do Lotus 1-2-3. A primeira apostila de dBase III eu acho que peguei emprestado com um primo mais velho que tava estudando. E o que eu fiz na época? Lembram que no episódio de Henry Jones eu contei que antes de ter um computador um hobby que eu tinha era copiar textos da enciclopédia na máquina de escrever? Então, eu copiei digitando, página a página dessa apostila no Wordstar pra imprimir minha própria versão. Detalhe que eu usei pouco porque depois de copiar todas as sei lá, 100 páginas da apostila, eu acabei aprendendo o dBase III.

Os anos meio que não são exatos mas acho que foi alguns meses depois, talvez final de 91? Meu tio perguntou se eu aprendi o tal dBase e me convidou pra ajudar ele nas férias da escola. E foi assim que consegui meu primeiro estágio. Ele passava os dias na tal loja, visitava clientes, e chegava no fim do dia com especificações e explicava o que ele queria, dai eu passava o dia seguinte na casa dele programando. Ele tinha um computador muito melhor que o meu, acho que já era um 386 com monitor VGA e eu obviamente já tava muito feliz só de poder usar um computador mais potente, e colorido! E assim eu comecei a migrar do dBase pro Clipper Summer 87 que tinham linguagem compatível, e logo na sequência pro Clipper 5. Fiz programas de controle de estoque, programa pra gerenciar um escritório de advocacia, programa que gerenciava não lembro o que de avião particular, e coisas assim.

Sendo bem honesto eu não tenho idéia de quanto do meu código era realmente aproveitável, mas eu seguia o exemplo dos outros programas do meu tio e ouvia os feedbacks dele no dia seguinte. Lembrando que eu programava do computador dele direto porque era mais eficiente, não tinha internet pra eu poder trabalhar remoto, não tinha Git, não tinha nada disso ainda. Controle de versão era basicamente um conceito desconhecido. Backup era em disquete. Assim foi uns dois meses das minhas férias de verão quando eu tinha uns 14 anos.

Clipper pra mim era o que provavelmente Javascript, ou Java, ou Visual Basic é pra muitos de vocês: a minha primeira linguagem favorita. Eu achava que dava pra fazer tudo em Clipper. Meu editor favorito na época era o Norton Editor, meu tio me apresentou pro Sidekick que era um programa residente em memória no DOS que tinha um help pros comandos do Clipper, utilitários como calculadora. Era tudo que eu precisava no meu ambiente de desenvolvimento. A partir desse ponto meio que já tava decidido que eu provavelmente ia escolher computação como faculdade. Outro contexto: fazer faculdade nunca foi uma opção, eu sempre encarei como o próximo passo natural depois do colégio, então eu nunca parei pra pensar em não fazer. De qualquer forma, depois desse estágio com meu tio, eu peguei mais alguns projetinhos por conta. Lembro de ter feito um programa de controle de estoque pra uma loja de bebidas do bairro por exemplo, e vocês não imaginam como eu fiquei contente quando consegui fazer um joguinho e meu próprio editor de textos simples, tudo em Clipper.

Pra ser mais honesto, ainda havia uma outra direção que eu ficava flertando. Desde criança tinha outra coisa que eu gostava de fazer e era desenhar. Olhando em retrospecto, claro que eu não era tão bom quanto eu achava que eu era. Mas vamos lá, eu era um pré-adolescente. A gente nunca tem noção de quanto é bom ou ruim em alguma coisa. Mas de qualquer forma eu gostava de desenhar. Eu tinha poucos amigos na época, eu nunca joguei bola na rua ou coisas assim, eu passei minha infância basicamente dentro de casa. Lá pelos 14 anos um menino da rua que estudava na mesma escola que eu acabou fazendo amizade comigo e foi interessante porque ele era o oposto de mim: eu sempre fui o japonês CDF introspecto e quieto e ele era o extrovertido. Vocês tem que entender que famílias japonesas eram bem mais rígidas, particularmente nos anos 80. De qualquer forma, nessa época a gente tava aprendendo computador ao mesmo tempo e ele sendo mais atirado conseguiu um bico pra gente na Fenasoft. Antigamente existiam 2 grandes feiras de tecnologia, a Fenasoft e a Comdex, coisa tamanho da Feira do Automóvel de hoje, que acontecia no Centro de Convenções do Anhembi.

Esse meu amigo era um ano mais novo que eu mas o filho da mãe era ligeiro, e inteligente. Ele puxou conversa num quiosque da Brasoftgames no shopping e eles ficaram impressionados e convidaram ele pra trabalhar na Fenasoft apresentando jogos. Porém teve um problema, a idade limite pra trabalhar era 15 anos e ele sendo um ano mais novo acabou não podendo ir e ele me mandou no lugar dele. Enfim, como eu disse o evento era gigantesco, ocupava o pavilhão do Anhembi inteiro, então imagina o tamanho. A estande da Brasoftgames era um dos maiores, com um super telão com palco e vários quiosques menores. Acho que o ano era 1992 e as novidades eram os novos kits multimidia que adicionavam CD-ROM, com super velocidades de 2x e 4x eu acho, e placas de som, os Adlib e Soundblaster. E jogos como Star Wars Rebel Assault, X-Wing e Tie Fighter.

Eu contei tudo isso pra chegar no seguinte episódio. E aqui eu devo dizer que não lembro de todos os detalhes mas se não me falha a memória aconteceu a seguinte situação. Imagina que a gente ficava nesses quiosquinhos espalhados pelo estande gigante, com um microfoninho que saia nas caixas de som daquela época, apresentando os jogos, e juntava um pessoal ao redor pra ver. De vez em quando nosso chefe subia no palco do telão e falava algumas merdas e fazia piadas sem graça. E aqui vem a parte que eu não lembro se foi assim mesmo que aconteceu mas eu lembro que eu tava ficando irritado com as piadas sem graça e as informações erradas que ele falava. E meio sem perceber, quando isso acontecia, meu quiosque que ficava perto do palco era interrompido porque o som do palco era mais alto. O que eu fiz? Eu comecei a gritar mais alto no meu quiosque. E eu acho que tava funcionando, o povo ficava olhando minha apresentação. Daí o chefe do meu chefe apareceu no meu quiosque uma hora.

Eu não entendi nada, mas acho que ele disse alguma coisa tipo "você, pra lá" e me mandou pro palco. De novo, vocês lembram que eu falei que eu sempre fui o japones CDF introvertido que nunca fala. Ênfase no "nunca". Eu aquele tipo que na escola fazia trabalho em grupo sozinho sem ajuda dos outros só pra não precisar falar na frente de classe, e deixava alguém só falar no meu lugar. Já era um esforço sobrehumano eu estar naquele quiosquinho me acostumando a apresentar pra meia dúzia de pessoas aleatórias. Eu não sabia falar em público, nunca foi natural, especialmente aos 15 anos. E de repente lá estava eu, num palco, numa feira, na frente de um telão e com uma multidão olhando pra mim, esperando eu apresentar.

Esse foi um daqueles momentos "ou vai ou racha". A imagem que me veio à cabeça foi que quando eu tinha uns 10 anos ou menos, eu tive que fazer uma pequena apresentação em público, num eventinho da comunidade japonesa do bairro, eu gaguejei, muito, eu desesperei e eu fugi do palco. Foi um trauma e agora, 5 anos depois, eu tive quase certeza que ia acontecer a mesma coisa. E pra minha surpresa eu tomei uma decisão consciente de não fugir. Essa foi a primeira vez que eu consegui falar em público direito e foi a primeira vez que eu me dei conta que talvez fosse possível eu falar em público. Muita gente me conhece hoje como palestrante, vocês não tem idéia de como foi difícil eu aprender isso. Eu nem sei dizer se a apresentação foi boa ou não, mas como não me expulsaram do palco, vou acreditar que foi bom o suficiente.

Porém, meu chefe, o alemão que me irritava quando subia no palco, acho que não gostou do chefe dele ter me colocado no palco porque no ano seguinte ele me barrou de trabalhar de novo. Mas aí aquele meu amigo conseguiu um bico no concorrente no mesmo evento e fomos pra Magnasoft. Com 16 anos eu já tava um pouco mais confiante e acho que foi nesse evento que outro episódio interessante aconteceu. Um dos programas que eu tinha que apresentar não era grandes coisas, era algum tipo de pacote educativo que tinha um programa nível de Paintbrush do Windows, pra desenhar. E eu disse que eu gostava de desenhar. Um dos jogos que eu gostava naquela época pela arte era o Tazmania e eu fiquei lá desenhando. Pensa que desenhar com um mouse de bolinha era muito ruim, mas eu já estava acostumado. E por acaso apareceu um jornalista que gostou daquilo e me convidou pra aparecer em algum jornal local da época. Como eu disse antes, eu não tinha muita idéia se o que eu desenhava era considerado bom ou não, mas isso foi um empurrãozinho.

Eu sempre fui fã de quadrinhos, games, mangás, animes, tokusatsu, era o que eu desenhava. Das revistas de videogames, como a Ação Games e Videogame eu era fã de alguns gamers da época e por acaso conheci um deles nessa Fenasoft, o Toni Ricardo Cavalheiro. Se vocês tem perto da minha idade talvez se lembrem desse Globo Reporter de 1991 ou 1992.

E ele aparecia lá também. Por causa desses eventos nessa época eu finalmente fiquei mais comunicativo e fiz amizade com ele. Cheguei a ir na casa dele com disquetes copiar jogos, e foi como tive acesso a coisas como Doom, The Lost Vikings, Lemmings e mais. E ele me apresentou pra revista Videogame, onde ele trabalhava fazendo reviews dos jogos. Naquela época, pra conseguir programas e jogos você tinha que pegar sua caixa de sapatos com disquetes, pegar um ônibus e ir na casa de alguém que tinha. Vocês não tem idéia de como a vida de vocês é fácil com internet hoje.

Eu pensei em fazer ilustrações pra revista já que apesar de gostar de games eu nunca fui nível de gamer profissional. Levei meu portfolio pra editora, e eu não sei se o editor não curtiu meus desenhos ou se foi sincero, mas ele começou perguntando se eu sabia fazer ilustração em computador, e claro, eu não sabia. Esses desenhos que estão aparecendo aqui do lado são meus lápis de 91 a 92 se não me engano. E ele disse "pois é, hoje em dia as ilustrações são todas digitais e vetoriais, precisa saber usar um CorelDraw". Naquele mesmo dia eu fui pra uma livraria e comprei um livro de CorelDraw 3.

Passei o próximo mês aprendendo a ilustrar com CorelDraw. Em 1993 eu tinha ganhado meu segundo computador, um 386 de poderosos 66Mhz e acho que já tinha 2 ou 4 MB de RAM com uns 30 MB de HD. E agora eu tinha um monitor VGA. Coloque em perspectiva, era um monitor de 640 x 480 de resolução. O que chamamos de HD hoje em dia é 1920 por 1080, era 4 vezes menos densidade de pixels e tinha só 256 cores. Ah sim, e o mouse mais barato que você acha hoje já é ótico, o meu mouse naquela época era de bolinha, e ele era muito impreciso, enrolava fio de cabelo e sujeira dentro, era uma desgraça. Pensa ilustrar naquela época como era. Mesmo assim, eu treinei o quanto pude. Passava meus fins de semana fazendo ilustrações e depois de algumas semanas eu aprendi a maioria das técnicas e montei um novo portfolio, e fui bater na porta da editora de novo. E pra minha surpresa, acho que eles gostaram porque por alguns meses eu fiz ilustrações pra revista Videogame. Era uma ilustração de matéria por mês, por alguns meses só, não era grande coisa, mas eu já tava bem feliz de ter meus primeiros trabalhos publicados.

Em 94 eu parei tudo. Foquei exclusivamente em terminar o 3o colegial e conseguir passar em alguma faculdade. E eu me coloquei na obrigação de passar em alguma faculdade pública porque eu não queria que meus pais passassem os próximos 4 ou 5 anos tendo que pagar faculdade particular ou eu ter que trabalhar e estudar ao mesmo tempo pra dar conta. Eu saía de casa sei lá, 6 horas da manhã e voltava sei lá, 8 horas da noite, todos os dias e só parei depois do último vestibular do ano. Eu realmente levei isso a sério. Tinha 3 cursos que eu podia fazer naquela época: tecnólogo em processamento de dados na Fatec, um curso que na época era novo de engenharia de software ou engenharia de computação na Unicamp e bacharelado em ciência da computação na USP. No final passei nos 3 e escolhi fazer ciências da computação. Eu não tinha a mínima idéia da diferença dos 3 cursos naquela época.

Vamos pra 1995. Pra dar contexto, eu vi alguns dias atrás que vão lançar o terceiro filme da franquia Bad Boys do Michael Bay com o Will Smith e Martin Lawrence e eu dei risada de como o Martin tá gordo nesse filme. Mas o primeiro saiu em 95, pensa que foi 24 anos atrás. Nesse ano também saiu o 1o Toy Story, que foi uma revolução absurda em ser o primeiro longa metragem inteiro renderizado por computador numa época onde pouquíssimas pessoas tinham computador em casa e normalmente era alguma coisa como um 486 de 100Mhz e onde 4MB de RAM era considerado bastante.

Finalmente, na faculdade, eu podia deixar meus dias de CDF introspecto na escola pra trás e resolvi treinar pra ser mais extrovertido. Na minha época a gente chamava os novatos de bichos, acho que hoje ainda é bicho? Pra dar uma idéia de como eu tava testando meus limites, eu acabei ficando amigo de um grupo que resolveu que no 1o semestre a gente ia concorrer ao centro acadêmico contra a chapa de veteranos e nos auto entitulamos Chapa Bicho. Lembra meus desenhos de Taz na Fenasoft e meus skills de CorelDraw? Pois é, foi assim que eu fiz cartazes como esse aqui do lado. A gente era bem ativo, e não ganhamos por muito pouco. Meu primeiro semestre na USP já começou conturbado, e em paralelo a isso me engracei com a empresa junior e fiz cartazes pra eventos na faculdade como esse outro pra Oracle.

Pense que em 95 o Linux ainda não tinha muito mais que uns 4 anos de vida. Internet era absolutamente opcional ainda. Muita gente ainda nem tinha idéia direito de pra que servia Internet. Não se pode negar que eu tive o privilégio de poder cursar ciências da computação no Instituto de Matemática e Estatística da USP. Universidades como USP ou Unicamp estavam sentadas em cima do backbone da Fapesp, um dos poucos backbones que conectavam as universidades ao resto do mundo. Não era incomum algum problema nesse backbone deixar a gente ilhado e restrito a navegar só no Brasil, por exemplo.

Se formos falar de sistemas operacionais como MS-DOS com a interface gráfica do Windows 3.1 por cima, por exemplo, o stack TCP ainda era opcional. Você precisava instalar o Windows 3.1 for Workgroups ou instalar a stack TCP separadamente. Pra ter uma idéia de quão antigo estou falando, hoje em dia a gente usa redes cabeadas usando cabos 1000base-t ou 10Gbase-t, cabos twisted pair com conector RJ-45 em topologia de estrela. Antigamente eu trabalhava cabeando as salas da USP usando ethernet sobre cabo coaxial com conectores em T em rede que exigia um terminador, que é um resistor no final da rede em daisy chain. Qualquer ponto em T no meio da rede que alguém mexesse podia derrubar toda a rede local. Eu lembro que eu não sabia disso e justo na minha máquina ficava o terminador da rede. Eu não sabia o que era aquilo e desconectei. Dali a pouco desce a diretora do Centro de Computação e Eletrônica da Politécnica, o CCE, xingando "quem foi que derrubou a rede". Pois é, isso acontecia em 1995, a gente usando tecnologia de 1985.

Enfim, eu mudei de assunto aqui, foi só pra lembrar que eu já fui estagiário um dia também. Falando em ser estagiário, eu preciso deixar registrado um outro conhecimento aleatório que queimou no meu cérebro e eu nunca mais esqueci. Quem aqui sabe o que é uma gaiola de faraday? Eu fazia manutenção dos micros das salas de computação. O CCE onde eu trabalhava era lotado de periféricos e peças. Numa das manutenções eu fui trocar o HD quebrado de um computador por um novo. O que eu fiz? Tirei o HD novo do saco plástico, coloquei em cima do saco e liguei o cabo de força pra testar. Dali a pouco sobe um cheiro de queimado e eu descobri que eu fritei a placa embaixo do HD. Por que? Pelo menos naquela época o saco tinha uma redinha desenhada do lado de fora e eu não sabia pra que servia. Nesse dia eu entendi, era uma gaiola de faraday pra proteger o HD dentro. Assim como seu carro. Do lado de dentro ele é eletricamente isolado, mas do lado de fora é altamente condutor, e eu encostei a placa do HD em cima da redinha do lado de fora e liguei o HD, altamente condutor, fritou tudo na hora ... Coisas de estagiário. Pelo menos eu nunca mais esqueci.

Sobre esse estágio no CCE. Antes de entrar na USP, de vez em quando eu ajudava a BBS de um amigo meu, que era o meu vizinho da mesma rua. Lembra do meu amigo extrovertido que conseguiu os bicos na Fenasoft? Caso alguém das antigas se lembre, a BBS dele era a Medusa, o apelido online dele era Jungle. Uma das coisas que ele fazia era distribuir warez, pirataria mesmo, eu ajudava de vez em quando. Não me julguem, eu também já tive minhas épocas de não ter grana e a única forma de experimentar algum programa ou jogo era pirateando. Mesmo porque muita coisa de fora simplesmente nem chegava aqui. Não era incomum a gente usar blue boxes, que se vocês já viram algum documentário sobre Steve Wozniak deve lembrar quando ele conta a história do apito que vinha de brinde na caixa de cereais norte americanos Captain Crunch que conseguia emitir o sinal de 2600 hz que resetava a linha de trunk e com isso a gente conseguia habilitar ligação de longa distância de graça nas linhas telefônicas.

Eventualmente o povo criou software que rodava em placas de som como Soundblaster e com isso a gente conseguia fazer ligação internacional cobrando pulso de ligação local. Era só pegar o telefone, abrir a linha pra operadora, pegar o fone de ouvido ligado na Soundblaster, rodar o programa que rodava o tom e com alguma sorte ele abria a linha e agora a gente podia discar internacional. Era uma técnica de phreaking e embora nós só fôssemos os equivalentes a script kiddies hoje em dia, o povo gostava de se auto entitular phreaks. Acho que chegamos a testar black boxes também.

Enfim, a intenção era conseguir conectar em BBS de outros países como Alemanha. E além disso eles conectavam em servidores UNIX que estavam abertos na rede. Antigamente a senha hasheada ficava armazenada no arquivo passwd que era legível a um usuário guest. E o algoritmo de hash era fraco, e com brute force e rainbow tables a gente eventualmente conseguia quebrar algumas senhas e com isso tínhamos acesso a armazenamento em algum servidor. Daí a gente conseguia transferir programas pra essas contas que dávamos hijack pra fazer download com calma depois.

Lembrando que era hiper lento baixar coisas via modens de 19200 baud ou menos na época, nem estamos falando ainda de modens de 56k da última geração. Aliás, por causa desse tipo de coisa eu acho que separaram os hashes de senha nos arquivos shadow que tem permissões mais restritas. Vocês nunca se perguntaram porque existem os arquivos passwd e shadow num UNIX e Linux? O arquivo shadow já existia desde 86 mas muitos servidores UNIX rodando na época não estavam atualizados, lembrando de novo que atualizar um servidor naquela época não era só rodar um simples 'apt upgrade'.

Essa época de BBS era quando eu tinha uns 15 a 16 anos. Depois que eu entrei na faculdade ficamos sabendo que era possível eu conseguir ganhar uma conta num servidor UNIX da faculdade com acesso à internet se eu fosse trabalhar como monitor na sala do CCE na Politécnica. Internet banda larga em 95 quando a gente usava modems hiper lentos. Lógico que eu decidi tentar e essa foi a motivação pra eu ir estagiar no CCE e pra eu aprender UNIX: baixar warez de forma mais rápida. Pois é!

De qualquer forma, uma coisa leva à outra. O acesso à internet que eu tinha era logando via telnet do pczinho da sala de computação onde eu era monitor. Era acho que um mísero 386 com monitor VGA de 256 cores, mas isso não importava porque o acesso era via Telnet, ou seja, terminal texto. Uma vez logado você caía num shell, acho que era Korn Shell. Uma das chatices dos computadores da sala era que eles tinham um timeout, não lembro se era de 1 hora. O computador fazia boot remoto. Ele tinha uma placa de rede e um EPROM que no boot ele baixava o DOS e Windows do servidor então não adiantava modificar os arquivos locais porque a cada boot ele zerava tudo e baixava de novo. No DOS era carregado um programa que depois de 1 hora ou algo assim ele forçava acho que um Halt and Catch Fire ou HCF e derrubava o computador inteiro.

A primeira coisa que os estudantes mais dedicados queriam era ficar mais tempo e daí a primeira coisa que os mais espertos aprenderam a fazer foi derrubar esse programa. Como era DOS alguns estudantes mais ligeiros entenderam que se tratava de um Terminate and Stay Resident ou TSR com uma system call chamada talvez pela INT 21h, eu posso estar errado mas era algo assim. Então era só carregar qualquer outra coisa nessa interrupção e assim apagar a rotina de derrubar a máquina que era carregado no boot do DOS. A gente era insistente.

Agora eu caía no shell do UNIX. Você acha Linux hoje complicado? Você não tem idéia de como era chato um UNIX de verdade, no caso um HP-UX pra ser mais exato. Era engraçado que por alguma razão os servidores da Politécnica tinham nomes de animais como Lion, Spider. Depois resolveram colocar nomes de origem indígena, a máquina que eu tinha conta era no Amandy. Bom, pra conseguir fazer qualquer coisa útil eu precisava primeiro aprender a navegar pelo shell. E repetindo que naquela época não existia stackoverflow nem muito menos Google. Aliás, também não tinha Amazon pra comprar livros nem nada disso. A gente tinha que aprender as coisas na marra mesmo.

Como eu venho da época do MS-DOS onde basicamente a gente precisava saber comandos pra fazer qualquer coisa, o UNIX era só outra linha de comando diferente. Eu não tive o choque de ter começado numa interface gráfica e de repente cair na linha de comando. Pra mim foi o oposto, a interface gráfica que sempre foi opcional. Assim começou minha jornada pra aprender o básico, no DOS eu sabia listar as coisas com o comando 'dir' agora no UNIX era usando 'ls', no DOS eu copiava as coisas com comando 'copy' no UNIX era 'cp' e assim foi indo, um comando de cada vez. Ajudava bastante que fiquei amigo de veteranos do curso de Engenharia Elétrica da Poli, que por alguma razão eram muito mais tech savvy que o povo do IME na época. Por causa disso eu tive mais amigos na engenharia da Poli do que no meu curso no IME. Era um pessoal que desenhava circuitos integrados no café da manhã. Eu falo que cursar uma faculdade não é só pelo curso em si, mas sim por esse tipo de networking. Eu era o mais novo e o mais noobie de todos, e eu era uma esponja aprendendo tudo que conseguia deles.

Como em linha de comando não havia um navegador gráfico e como a Web no começo era muito simples, eu usava o Lynx como navegador. Hoje em dia com HTML 5, CSS 3, WebGL é impossível usar o Lynx. Eu costumo dizer que quebraram a Web hoje, mas se quiser navegar via linha de comando recomendo tentar o Browsh, que é bem mais moderno. Pra acessar meus e-mails tinha o comando 'mail' que era bem primitivo e eu nunca aprendi a usar direito mas felizmente tinha o cliente de e-mail 'pine'. Se você já usou o editor Nano no Linux de hoje em dia, ele é o clone do editor Pico, que era o que vinha no cliente Pine e que eu usava todo dia em 95. Na época eu não usava Vim mas sim o Vi original e eu lembro do desespero de entrar e não conseguir sair da primeira vez, como todo mundo. Aprender o dois pontos "q" foi uma revolução! Aliás, uma versão alternativa mais moderna do que o Pine hoje parece ser o Aerc, ou você pode usar o fetchmail pra popular o maildir, ou eu "acho" que tanto o Pine quanto o Mutt suportam IMAP pra se conectar em servidores de e-mail mais modernos. Antigamente o protocolo era o POP3 e procmail.

Na sequência, aprendi a usar a Usenet, um pouco de Gopher, IRC e assim meu arsenal começou a aumentar. Mas preciso confessar que eu gastava a maior parte das minhas horas perdendo tempo em chat de IRC mesmo. E eu não estou falando de mIRC no Windows, mas do cliente de IRC original do UNIX na linha de comando. A gente fuçava mensagens na Usenet, descobria servidores onde o povo deixava arquivos, baixava bastante coisa via FTP. Tinha bastante coisa gratuita não-warez no FTP da Unicamp na época, foi onde eu baixei o beta do Java que ficava numa pasta chamada Oak, que depois fui entender que era o codenome do Java antes do 1.0.

Os protocolos de internet na época eram muito simples, a maioria baseado em texto e estamos falando de uma época anterior a encriptação como TLS, então hoje usamos SSH mas antigamente era só Telnet. Hoje usamos SCP mas antigamente era FTP e assim por diante. Além de FTP, muitos programinhas e mesmo imagens e outros arquivos binários eram trafegados no corpo das próprias imagens na Usenet ou até IRC. Pense google groups ou stackoverflow de hoje. Porém na usenet só trafegava texto, então como trafegar binários? Assim eu aprendi sobre unix to unix copy protocol ou UUCP e as ferramentas uuencode e uudecode, que transformava binários de 8-bits em textos de 7-bits. O equivalente hoje seria o encode e decode de Base64. Finalmente o tráfego de warez estava começando a acontecer agora que eu sabia como me comunicar, onde procurar, e como trafegar os binários.

Mesmo em banda larga às vezes a fonte vinha de servidores lentos. E às vezes os arquivos eram quebrados em múltiplas mensagens na usenet. Daí a gente aprendeu a deixar os downloads via FTP rodando em background e com isso eu aprendi que UNIX suporta o conceito de jobs. Rodar o comando com o "E" comercial no final ou fazendo Ctrl + Z e aprendi a usar comandos como 'bg' e 'jobs' e 'nohup'. Eu não me recordo de ter usado comandos como 'disown', eu não entendia muito bem o conceito de signals ainda, como o HUP de hang up quando o terminal desconecta, fui aprendendo aos poucos. De qualquer forma, assim eu podia deixar as coisas baixando em background, deslogar da minha sessão, ir pra casa e no dia seguinte, se nada deu errado, pegar meus arquivos. Vocês podem ver que eu fui aprendendo a usar UNIX com a motivação de baixar pirataria, um motivo super nobre!

Não era comum na época consumir as coisas online como fazemos com YouTube ou Spotify. A banda era limitada, a velocidade era baixa, então a gente baixava tudo pra poder consumir depois. Vou dizer que a essa altura eu já estava menos interessado nos warez e mais engajado nas salas de chat de IRC e tentando entender melhor como a Web funcionava. Interessante que eu usava Windows 3.1 e Windows NT já naquela época, a gente tinha navegadores como Netscape Navigator Gold onde eu aprendi a editar HTML, FrontPage da Microsoft, editores como o HotDog eu acho, mas pra coisas como IRC, FTP, Usenet a gente usava terminal mesmo. A internet era mais devagar nas máquinas locais e mais rápido do servidor, então era um incentivo pra continuar no terminal. Eu finalmente comecei a me sentir confortável com essa tal de Internet e suas tecnologias de base.

E esse foi um pequeno resumo de alguns episódios que eu lembro entre 1990 e 1995. O episódio não tem nenhum objetivo muito educativo a não ser contar minha história mesmo. Pode ser que eu esteja sendo leviano mas até hoje eu nunca atrelo aprender alguma coisa com nenhum objetivo muito grandioso. Eu nunca penso "vou aprender X porque isso pode ser mais lucrativo no futuro" ou "quero aprender Y porque parece que vai me levar pra uma carreira mais promissora" ou qualquer coisa planejada assim. Todas as memórias que eu tenho de aprender alguma coisa sempre tiveram objetivos super banais, como vocês puderam ver. Se resumir a última metade do vídeo você pode dizer que eu aprendi UNIX pra baixar pirataria mais rápido. Só que tudo que eu aprendi: copiando apostila de programação, sendo estagiário do meu tio, apresentando games na Fenasoft, fazendo ilustrações pra revista videogame, aprendendo as tecnologias de internet pra baixar warez, tudo me levou a aprender coisas como dBase, Clipper, CorelDraw, UNIX e aprender a falar em público.

Eu falei no episódio de Procure o que Ama só que não, que eu gosto do meu esforço, e é isso que eu quero dizer. Naquela época dos 13 aos 18 anos eu sequer tinha essa noção de que a gente devia procurar alguma coisa que ama. Eu só fui fazendo, sendo curioso. Aliás, a definição de hacker pra mim é uma pessoa curiosa com tecnologia. Uma coisa foi levando a outra, e sem querer se passaram 5 anos que eu fui aprendendo um monte de coisas que se tornariam importantes nos anos seguintes.

Se eu ficasse toda hora pensando "ah, não vou perder tempo com isso porque não sei se vai ser útil daqui 5 anos" eu ia ficar estagnado o tempo todo só planejando, planejando e nunca de fato fazendo. Esquece, nessa fase da vida é inútil ficar planejando, a gente é jovem demais pra ter noção real de qualquer coisa. E eu estou parando a história exatamente antes de começar a primeira bolha da internet, nesse ano eu ainda ia ver o lançamento de coisas como Java 1.0, Delphi 1.0, Flash 1.0 no ano seguinte, .NET nem existia ainda, todo mundo ainda usava Perl e não Python, UNIX e não Linux, PHP ainda não tinha começado.

Esse foi um breve resumo dos meus primeiros 5 anos, eu sei que não é um conhecimento geral mas eu queria deixar registrado essa fase pra posteridade, espero que tenha ajudado a dar alguma perspectiva pra alguns de vocês. E vocês, como foram os seus primeiros 5 anos? Não deixem de compartilhar nos comentários abaixo, se curtiram mandem um joinha, não deixem de assinar o canal e clicar no sininho pra não perder os próximos episódios. A gente se vê, até mais!

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