[Akitando] #32 - Como eu aprendi Inglês? E entendendo "padrões"!

2018 December 11, 17:00 h

Disclaimer: esta série de posts são transcripts diretos dos scripts usados em cada video do canal Akitando. O texto tem erros de português mas é porque estou apenas publicando exatamente como foi usado pra gravar o video, perdoem os errinhos.

Descrição no YouTube

Errata a 25:16 a legenda está "colégio" mas é "faculdade" :-)

Novamente um episódio que ficou um pouco longo então será o único desta semana.

Desta vez quero explorar como eu aprendi inglês e aproveitar pra explicar porque é tão importante inglês na nossa área e também porque NÃO é tão complicado como muita gente pensa. Trabalhoso, sim. Caro ou complicado, não.

Uma tangente neste assunto será tocar no que muita gente pensa sobre "padrões" e o erro nesse pensamento. Fiquem ligados!

Links:

Script

Olá pessoal, Fabio Akita

Já que eu tenho falado sobre estudo acho que vale a pena entrar no tema do temeroso Inglês. Todo programador sabe que deveria já saber inglês mas fica empurrando, empurrando, até o dia que começa a perder oportunidades, e aí percebe como já é tarde demais.

Vamos dizer o óbvio: pare com as justificativas, qualquer razão que você está usando pra não evoluir no inglês não é nada mais, nada menos, que puro … bullshit, a fucking big pile of turd.

Ah, isso é imperialismo, temos que ser patriotas, valorizar a língua nacional, bla bla bla mi mi mi fuck you se você diz imbecilidades como essa.

Tamos entendidos? Então vamos avançar

(...)

TUDO que sai de mais importante na área de tecnologia sai primeiro em INGLES. Sabe o que acontece se você depende de material em português? Você precisa esperar essa tecnologia ganhar público, alguém se arriscar a traduzir material em português e publicar aqui. E todo mundo sabe que todo projeto open source, principalmente nas primeira iterações, muda o TEMPO TODO.

Ou seja, do ponto de vista de retorno financeiro, Não é um bom negócio publicar livros de versões 1.0 de projetos open source porque o 2.0 vai sair em 6 meses e o livro vai ter pouco tempo de vida. Livro técnico é absolutamente chato de escrever - eu sei, eu já escrevi um. Especialmente porque se você demora muito, tem que ficar revisando todos os capítulos anteriores quando sai um update. E depois que publica ainda tem que ficar correndo atrás se sai outros updates que quebram os exemplos que você colocou no livro, ou seja, é um puta trampo de manter o livro atualizado ao mesmo tempo que o software ainda está inacabado e evoluindo.

Mundo open source é assim mesmo. E se por acaso um novo projeto consegue ganhar o seu público de early adopters e começa a ter demanda, sabe quem ganha mais dinheiro? Quem aprendeu sobre o software antes mesmo de ter saído a versão 1.0. Depois que saiu a versão 4, 5 etc que já tem livro, já tem curso, já tem toneladas de screencast, é quando o taxa/hora vale menos, 2x, 5x, 10x menor do que era pago pra quem se arriscou e aprendeu na versão 0.1 alfa.

Vocês já entenderam uma coisa meio óbvia? As pessoas ficam procurando “o que a maioria das pessoas está fazendo”. Eu penso assim: puts, se a maioria das pessoas tá fazendo uma coisa, é porque essa coisa vale muito pouco e nunca vão me pagar muito, justamente porque tem um milhão de indianos que vão cobrar 10x menos que eu pra fazer a mesma coisa.

Claro, o mais seguro é primeiro ir atrás de alguma coisa bem óbvia. Por isso eu falei no episódio de “O que devo estudar” pra ir num Java, C# ou PHP da vida. Mas qual o próximo passo? Ora, quem ganha mais na indústria? As moscas brancas. Os cisnes negros. Mas é muito raro você escolher, conscientemente, a tecnologia que ainda vai se popularizar, e acertar em cheio. Precisa de muita experiência pra isso, e mesmo assim você pode estar errado.

Se eu fosse resumir, você precisa saber duas coisas importantes: história e línguas. Mas não do jeito que você pensa. Todo mundo fica atrás só dos headlines, da notícia de hoje. Eu estou mais interessado em juntar as peças das notícias de ontem, de 1 ano atrás e de 1 década atrás. Eu fico constantemente comparando essas coisas. Não tem uma receita, mas quanto mais você estuda a história da sua área, mais você vai entendendo pra onde as coisas tem mais probabilidade de ir. Isso se chama reconhecimento de patterns, vou voltar nisso no fim do vídeo.

Agora, finalmente, línguas, que é o tema de hoje. Existem dezenas de formas de fazer isso e de novo, não vou dizer o óbvio. O óbvio está em todos os canais de YouTube de línguas e uma rápida procurada no Google vai te trazer uma tonelada de cursos online. Baixa lá o Duolingo e Just fucking do it!

Mas o que eu quero fazer é explicar como Eu encaro o aprendizado de qualquer coisa usando meu aprendizado de inglês como exemplo.

Sabe que tipo de pessoa aprende coisas mais rápido? Uma criança. Todo mundo já ouviu falar que toda criança é uma esponja, que aprende tudo que você ensina pra elas? Eu sempre ouvi falar isso e como toda cagação de regra que eu ouço eu parei pra pesquisar e refletir sobre isso.

Eu me considero uma criança em muitos aspectos, até hoje. Uma delas é que eu não tenho muito apego a nada. Portanto eu tenho muito pouco a perder. E isso é uma criança: ela não nada pra perder, ou melhor, ela nunca parou pra considerar que tem coisas pra perder, e por isso não tem medo de arriscar nada. Tudo pra ela é uma oportunidade, lembra que eu venho repetindo muito isso nos episódios anteriores?

No caso de línguas, todo adulto começa pensando que tem muito a perder. O adulto começa a pensar no que os outros vão pensar, como os outros vão julgar. Será que vão dizer que estou demorando muito pra aprender e acharem que sou devagar? Será que vão dizer que eu não consigo falar e achar que sou incapaz? Será que vão ficar tirando sarro de mim e vou virar a piada do grupo? Daí você pára e pensa, se vou aprender tem que ser sério! Se é pra ser sério, precisa ser num curso top. Só que curso top é caro e eu não tenho dinheiro agora, e se for pra pagar caro precisa reservar muito tempo senão não compensa. Hm, como não tenho nem dinheiro e nem tempo, vamos deixar pro próximo semestre que aí vai dar tempo de guardar dinheiro e organizar minha vida pra ter tempo …. Daí passa seis meses e o que acontece? Nada.

Agora tente se lembrar de você quando criança ou qualquer criança que você conheça, seu sobrinho, seu filho, seu neto? Aos 2 anos de idade, quantos cursos top de português ela fez? Quantas horas em salas de aula com professores especializados ela fez? Quantas certificações em cursos especiais ela tirou?

Não é possível que você nunca tenha pensado que em 2 anos, uma criança sai do zero pra razoavelmente fluente numa língua, o suficiente pra você entender sentenças inteiras e em mais 2 anos ela tá quase tão fluente quanto você (ou melhor, se bobear). Obviamente, não adianta falar com ela de coisas técnicas específicas, falar em bolsa de valores, física, engenharia, tudo vocabulários que ela não vai saber. Mas largue essa criança num shopping center e certamente ela vai conseguir se comunicar com tudo mundo. E se ela não entender alguma coisa? Ela vai perguntar e perguntar e perguntar, até ficar satisfeita com a resposta, que é exatamente o que VOCÊ não faz.

Não subestime esse processo. Todo mundo quer esse processo na verdade, por isso você vai fazer intercambio. Todo mundo tem essa intuição de que se você fizer uma imersão num país estrangeiro, você vai magicamente, aprender mais rápido. Qualquer metodologia que te incentive a se concentrar acima do normal num período limitado de tempo funciona da mesma forma, indo pro exterior ou não. Ir pro exterior pra mim é mais status do que necessidade. Mas claro, se puder, com certeza vá, a experiência maior é a vivência mais do que o estudo. Trabalhe num bar, pague seu curso e passe 1 ano morando fora. Você provavelmente não ia precisar ver meus vídeos se tivesse feito isso :-)

Claro, você precisa ter um mínimo de estrutura. Nem que seja as porcarias de aulas de inglês que tivemos na nossa escola, que ensinou só o basicão do verbo To Be e meia dúzia de palavras. Mas isso deve ser o suficiente.

Eu mencionei num dos vídeos que quando eu comecei a fazer faculdade, meu inglês não era fluente. Eu lia devagar e não tinha nenhuma fluência pra falar, nem pra arriscar frases. O que me motivou foi no primeiro de aula o professor listar livros estrangeiros na bibliografia e eu ter colegas de classe que já tinham morado fora ou feito intercambio e estavam na minha frente. Eu já disse também que é o tipo de coisa que me deixa motivado a correr atrás.

E foi exatamente o que eu fiz. E aprendizado é que nem dieta, ou você faz all-in, sem compromisso, ou não faz. Do, or do not, there is no fucking try.

Vamos lá, assim como 99% da população, eu só comprava livros e revistas em português, eu só assistia filme dublado ou com legenda, eu ouvia música mas sequer prestava atenção nas letras e eu evitava tudo que tinha inglês. Eu fiz aqueles cursos de bairo, no caso Fisk, mas eu desisti porque não via evolução. Era essa minha situação no ano em que entrei na faculdade. Eu nunca fiquei 100% perfeito na fluência, mas ouçam vocês mesmos:

Ok, so I spent the next 10 years under lockdown. In my mind, I have decided that just enrolling in an ordinary English course would be too damn slow. I am not advocating that classes are not good, it's just not right for someone like me, I am a stubborn son of a bitch that wants to dictate my own pace, which is usually faster than average.

Moreover, I wanted to speak as close to a native American as I possibly could without having to live there. What if I consumed the exact same things every day as if I was living in a USA city somewhere?

If I moved there, there wouldn't be any Portuguese resources anywhere. So I'd be forced to browse in the web in English, go to Barnes & Noble and buy English-only books and magazines. I'd like to go to the Chinese Theater in LA to watch the blockbuster premieres, all in English.

So, it was only a matter of emulating the exact same environment in my own routine. I never bought or read a single book or magazine in Portuguese ever again. I spent a good portion of my small salary by importing computer books. I was paying 5x more buying magazines such as Wired, or PC Magazine. I rented movies at Blockbuster, and I had to put a box in front of the TV set to hide the Portugues subtitles. And fortunately, I am the kind of nerd that watches the favorite movies many times over.

Did you read my blogs and facebook or twitter timelines? To this day, more than 20 years later, I keep writing in English as much as I can. This procedure became my routine. To this day, I avoid consuming Brazilian sources, it's just a habit. I don't read Brazilians books, I don't watch Brazilians tv-shows. It's considered normal nowadays to not watch the open TV because of Netflix, but I have been doing that since the mid-'90s. Let's say I was ahead of this curve by at least a decade. YouTube, Netflix, Amazon Kindle, just made my life easier.

When I was in college, I did all my programming in English. It always felt wrong to mix Portuguese variable names with English-based statement syntax. It's just wrong. Don't do it. If for nothing else, only realize that if you use Portuguese, you won't ever be able to open source it. I am not saying that you should open source everything, but why are you closing that door so soon? And you can't ever hire programmers from other countries to help out either. Writing code in Portuguese limits the reach of that code.

I spent around 5 or 6 years consistently doing precisely that. From my first year in college to the dotcom era. Remember that PSN dotcom I mentioned I worked for? So they wanted me to fly to their Florida office to get acquainted with the other developers. This was 2001, and it was the very first time I set foot in the USA.

Remember when I mentioned that you want to be ready when the opportunity arises? That's precisely my point. If I had procrastinated, I would have missed that chance.

And let me tell you: no amount of theory will save you in practice. I realized my limitations when I arrived there. Jesus Christ, the freaking Cubans, and their Spanish-mixed English are stupidly hard to understand. And I had people from Texas in the office, also a crazy difficult accent to follow. I think I can deal with them way better today, but for my very first attempt, I had to ask people to repeat slowly many times. And don't think for a second that I didn't.

Over the years, I met people that have been teaching me. And this is super important. You feel ashamed when someone tries to correct your misspellings. And you lose an opportunity. Whenever someone corrects me, I engage. I say "hey thanks, so, is this the correct way, let me try again," and if the person is willing, we end up spending a few minutes with training. That's how I finally figured out the proper way of saying tree and three, and words like three, there, those, there. That was an afternoon coffee with a friend of mine from the USA.

Remember when I mentioned children? The sad thing about adults is that we lose our inner child. Learning is essentially letting your adult self aside and bring back the curious child back. Never feel ashamed, never hold your questions back. Children are interested, their parents even get upset when children ask too many questions. Let them. This is the only way to learn stuff: to question everything, no matter how silly it sounds. The only dumb thing is not to ask questions.

And again, will it be worth it? Will you ever be able to speak fluently like a native American? You could. It all depends on training and commitment. As you can tell by now, I can't. This is the closest I could get.

The interesting thing you don't think about? The Americans don't care. They can tell I'm not a native. But I'm understandable, and that's enough. In their minds what they immediately think is: "damn, this guy speaks better English than I could ever speak any other language." That's right, most Americans only speak English, they respect anyone that can speak more than one language, and they appreciate you even more for being understandable to them.

Americans are used to different accents, they have Latinos, people from Mexico, Republica Dominicana, they have Chinese, they have Italians, and so on and so forth. There are dozens of dialects and accents throughout the country.

And if you add English from Great Britain, the Netherlands, Australia, it's all different. Your particular accent, my own accent, doesn't sound nearly as bad as you think it does.

You are an adult, what the heck are you ashamed for? Mockery? Oh, come on. This is bullshit. The only reason you're not studying and doing your best right now is your own laziness. You're just lazy, admit it. It's pathetic. If you really wanted you could start right now, for zero bucks. Change your Operating System default language to English - seriously, I have a hard time with Windows in Portuguese because I can't find anything, I am used to English and the order of things in English. Then, erase all your Portuguese bookmarked websites. Change the default language of your web browser to English. None of this cost any money.

Install tools like Grammarly to correct your terrible written English. Read as much as you can, every day, in English. Listen to as much as you can. I subscribe to hundreds of English-only YouTube channels, I have zero Portuguese channels. Netflix? Start with subtitles in English - it's so awesome that there is this option; if only I had it my VHS days. When you go rewatch a movie you like, turn the subtitles off. And instead of not paying attention because you feel uncomfortable, do the opposite, pay extra attention, pause the video whenever you learn a new word. Get your smartphone and Google it. The tools we have today make the learning process so much easier. I do that myself. For example, I just learned a new word that I never used before: "unrequited," which means "unreturned, like a feeling not reciprocated," and that was from Woody Allen's Cafe Society movie. Old movies always teach me words I never used.

As a disclaimer, also keep in my that I always read a scripted text in my channel, and this section was no exception ;-)

Now, let me switch back to Portuguese!

Eu acho que eu soou diferente quando eu falo em inglês e português, porque você não pode falar inglês com o mesmo ritmo que fala português do mesmo jeito que seria bizarro você cantar, por exemplo, um Fly me to the Moon do Frank Sinatra com ritmo de Funk. Pensa como fica. Você precisa respirar diferente. E é mais fácil “ver” isso quando assiste séries e filmes, comece a prestar atenção na linguagem corporal dos atores. Eu já fiquei horas fazendo careta pra TV pra imitar a posição da boca e o jeito de inspirar e expirar as palavras. E sobre respiração, uma coisa que eu vejo 90% das pessoas fazendo errado: fale as palavras até o fim, não tente conectar uma palavra na outra como fazemos falando português corrido. Fale inglês como um gaúcho ou sulista fala português, pausado, correto, palavras até o fim, com pausa. Só isso já é meio caminho andado pra ser entendido.

Mas se você não está convencido, vou dizer uma última coisa que eu acho muito importante, inclusive tem a ver com programação. No mundo da programação, você frequentemente vê o povo falando de padrões de programação ou padrões de arquitetura.

Quando alguém fala “padrão” parece dizer no sentido de “é a melhor forma” de fazer alguma coisa. E isso está errado. Em inglês temos 3 palavras diferentes: standard, default e pattern. Os 3 traduzem em português pra padrão, mas eles querem dizer 3 coisas completamente diferentes.

O que você pensa por padrão, normalmente é o que o americano pensa quando diz “standard”. Um standard a ser seguido.

Ou você tem default, que é a escolha padrão, ou quando você não escolhe, o que é escolhido é o default.

Finalmente, pattern é simplesmente alguma coisa que aparece várias vezes. Pode ser certo ou errado. Um pattern pode simplesmente indicar uma tendência. Por exemplo, se todo mundo resolver começar a usar calça vermelha. Isso é uma moda, posso dizer que é um pattern. Ou dizer que toda boa pizza “costuma” ter queijo, é um pattern. Mas não é um padrão ou 100% das pizzas precisariam ter queijo. Entendem a diferença?

Por isso, toda vez que em programação você ver algum livro ou matéria falando em “padrão de arquitetura”, não pense que esse deve ser O jeito certo de fazer. É só um jeito que, naquele momento que o texto foi escrito, o autor viu com alguma frequência, o suficiente pra chamar de pattern. Em 1 ano pode já estar obsoleto porque assim como tendências, patterns também ficam velhos, outros patterns aparecem.

Se você parar pra entender o básico sobre como o cérebro funciona, do ponto de vista neurológico, um de nossos melhores mecanismos é nossa habilidade de aprender e detectar patterns. É parte do que chamamos de instinto, quando sentimos que vamos ser atacados, e fugimos sem pensar. Ou mesmo quando vemos textos como este:

(.... texto bagunçado)

Nós não lemos palavras de letra em letra, nós identificamos o pattern e vamos lendo em clusters, às vezes pulamos uma sentença inteira se for um cliche ou um chavão. Porque o pattern economiza nosso processamento, é meio como uma rede neural artificial funciona, ou o que chamamos hoje de machine learning, é basicamente identificação de patterns.

Patterns também tem efeitos colaterais, é de onde temos as ilusões de ótica por exemplo, onde vemos patterns que não existem ou patterns que nos confundem:

(... ilusao de otica)

Psicologicamente é de onde vem muito de nossas neuroses e até mesmo teorias da conspiração que é basicamente vermos patters que não existem, adicionar causalidade a coisas que não tem correlação. Tudo é parte dessa identificação de patterns.

Quando aprendemos inglês nos inserindo no ambiente como eu fiz artificialmente, mesmo que eu não entenda tudo que estou lendo ou ouvindo, se eu praticar deliberadamente a repetição, eu eventualmente vou “sentir” quando algo soa correto ou não. Eu não lembro a regra gramatical. Quando eu leio uma frase eu sei que “soa estranho” ou não. I won’t do it, ou I’m not gonna do it, são literalmente a mesma coisa, mas naturalmente eu digo um ou outro sem pensar muito. E eu argumentaria que pro dia a dia, isso é um bom nível, quando você naturalmente fala uma frase de acordo com o contexto da conversa sem precisar conscientemente pensar na construção dessa frase, que é exatamente como você fala sua língua nativa: você não precisa fazer um esforço consciente muito grande pra simplesmente falar.

Em resumo, o que normalmente chamamos de Padrão não é Standard. É Pattern. E você saberia disso se lesse os livros em Inglês, em vez das traduções em português, onde é impossível traduzir o contexto exatamente como o autor gostaria. Toda tradução perde parte do sentido, não importa quão bom seja o tradutor, especialmente porque algumas coisas tem carga filosófica ou cultural que não tem como traduzir.

Um dos exemplo que eu mais gosto é quando traduzem “making money” pra “ganhar dinheiro”. Tecnicamente está correto. Você diz: “I’m going to work to make money” que traduziria pra “Eu vou trabalhar pra ganhar dinheiro”. Em português a frase implica que sua opção é trocar seu trabalho por dinheiro, em inglês não se diz “ganhar”, se diz “make” que é “fazer”, a frase em inglês implica a opção de você produzir onde antes não existia alguma coisa, que é a essência de empreender.

E na minha cabeça essa é uma das maiores diferenças culturais dos Estados Unidos pra qualquer outro lugar do mundo: lá, filosoficamente falando, o objetivo era construir e criar onde nada existia antes. No resto do mundo é dividir e tomar o que existe, ganhar o dinheiro, ganhar as terras, ganhar o poder, não construir.

E com isso eu espero que tenha conseguido explicar o que eu acho sobre aprendizado e em particular o que eu acho que pode ajudar na sua jornada pra aprender outra língua. Eu fiz mais ou menos a mesma coisa pra aprender Japonês. Em ambos os casos eu fiz sim curso, até o básico e saí do curso, aqueles cursos de bairro sabe? Como auto-didata eu acho que não fui tão ruim, o que vocês acham? E quais são as suas histórias não convencionais de como aprenderam línguas? Não deixe de compartilhar nos comentários abaixo, se gostaram mande um joinha, compartilhe com seus amigos, assine o canal e clique no sininho. A gente se vê, até mais.

tags: inglês english patterns padrões aprendizado cursos intercâmbio akitando

Comments

comentários deste blog disponibilizados por Disqus