[Akitando] #5 - Liberdade Econômica, Cripto no Brasil, e para onde aponta o futuro?

2018 August 28, 17:00 h

Disclaimer: esta série de posts são transcripts diretos dos scripts usados em cada video do canal Akitando. O texto tem erros de português mas é porque estou apenas publicando exatamente como foi usado pra gravar o video, perdoem os errinhos.

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Estamos quase lá! Penúltimo episódio da minha série sobre Seoul e as conferências de criptomoedas. Neste episódio vamos dar mais contexto sobre a principal finalidade do mundo de criptomoedas: Liberdade Econômica.

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Olá pessoal, Fabio Akita

No episódio anterior vimos sobre a diferenciação de Security Tokens e Utility Tokens E o caminho que muitos países têm tomado em torno das regulamentações.

Essa discussão não tem uma conclusão “final” porque em última instância depende do congresso de cada país passar as regulamentações, mas mais e mais o discurso tem sido menos agressivo e mais razoável em torno de criptomoedas, em particular no lançamento das ICOs. O fator que freia todo mundo são episódios como o crescimento parabólico do ano passado, que não é bom pra ninguém, nem mesmo pros crypto funds, porque você cria um cenário irreal para investimento. Todos concordam que foi bom a correção ter acontecido logo, preparando o terreno para um novo bull run em breve. O fim do ano passado foi só uma prévia do que está por vir e um aviso para os interessados na infraestrutura estarem preparados.

Nos discursos de vários palestrantes, notoriamente como de Roger Ver - principal evangelista do Bitcoin Cash - é a liberdade econômica que esse novo mercado de criptomoedas proporciona. Uma forma de troca de valor que não depende de um banco central nem de um governo, moedas que podem cruzar fronteiras e inclusive quebrar a soberania de países. Muitos podem ser céticos quanto a isso, mas pergunte a um Venezuelano quais opções ele tem.

Obviamente é consenso entre os participantes dessa comunidade que security tokens não deveriam ser proibidos. E que, no mínimo deveriam ser diferenciados os tokens que representam investimento numa startup e outras que tem utilidade para coisas como pagamentos. Muitos inclusive apostam que estamos por ver ainda uma nova era de Security Tokens.

Liberdade econômica é a principal promessa de um mundo movido a criptomoedas. Dar acesso a qualquer um de participar de startups que no futuro se tornem a próxima Amazon ou o próximo Paypal. Hoje em dia, o cidadão comum não tem acesso a esse tipo de investimento - só depois de um IPO, quando muitos dos investidores iniciais - que compraram barato - já inclusive saíram do investimento e realizaram lucros seguros às custas do risco que a população em geral vai incorrer quando as ações vão a público.

Assim como criptomoedas são a resposta ao monopólio do controle monetário dos bancos centrais e o terrível oligopólio dos bancos privados, ICOs são a resposta ao mercado de securities, bolsas, corretoras de fundos de investimentos tradicionais. Assim como não é do interesse dos bancos concorrer com criptomoedas - e por isso toda vez que você ver um banco falar mal de criptomoedas você sabe porque. Também não é do interesse de fundos tradicionais ou outros intermediários do mundo das bolsas ver ICOs funcionando fora do seu controle, por isso também quando você vê um JPMorgan falando mal de ICOs, você também sabe porque.

Diversos projetos famosos nasceram de ICOs, incluindo o grande Ethereum, o recente EOS, e outros como Telegram, Bluzelle, até o famigerado Petro e muitos outros. Só em termos de criptomoedas, que englobam os conhecidos Bitcoin, Litecoin, Ripple e ademais, existem perto de 2.000 moedas. Muitas delas vão morrer, claro, mas no futuro próximo, a visão não é que vão existir menos moedas. Segundo Chengpeng Zhang (mais conhecido como CZ) e fundador da monstruosa Binance, no futuro haverão milhares de mais moedas. O desafio das corretoras será ofertar ao público dezenas de milhares de digital assets. Não só moedas, mas tokens em geral.

A Binance é um case nesse sentido, em 1 ano, sendo uma corretora exclusivamente negociando pares de criptos, sem incluir moedas fiat (fiduciárias), eles tem hoje 10 milhões de usuários. Nasceram na China mas a Ásia em geral adora eles. CZ é praticamente um Steve Jobs, o povo queria tirar selfies e pedir autógrafo. A afirmação do CZ que o mundo pode ter milhões de criptomoedas ou tokens faz muito sentido!

E eu tendo a concordar. Pense comigo. Por causa do episódio Napster e depois os dias de BitTorrent com casos como The Pirate Bay, o consenso foi que para distribuir assets digitais como música a única forma é através de um intermediário que controla a distribuição, o famoso modelo iTunes iniciado pela Apple e replicado com sucesso em outros jardins fechados como a Apple App Store, Google App Store, Steam, Netflix, Amazon Prime e assim por diante, pulando de modelos de compra para modelos de assinatura, mas o principal: com a identidade e unicidade da distribuição ou do uso, controlado por uma entidades privadas centralizadas.

A idéia de mecanismos como blockchain é permitir a transferência de propriedade de um asset digital de forma única, com consenso que independe de centralização. É isso que muda tudo.

E num mundo onde esse mecanismo se torna ubíquito, qualquer coisa é tokenizável. Pense seus créditos de Playstation Store, Xbox Store, pontos da Smiles, qualquer coisa que hoje representa um valor e é controlado por uma entidade centralizada poderia ser facilmente um asset digital negociável. Você poderia livremente negociar suas milhas por créditos de XBox. E isso é um caso de uso pequeno.

Parece que nesse momento, no pós-crash de 2017, incluindo a reação de diversas instituições dos diversos governos, estamos falando mais em como criar um ecossistema sustentável de ICOs, com algum nível de regulamentação, mas nada draconiano que ferem as liberdades econômicas dos indivíduos.

Enquanto alguns governos estão patinando nessa discussão, outros países estão mais dispostos a experimentar os riscos. Nos Estados Unidos, no Brasil e outros países, ICOs que sejam categorizados como distribuição de security tokens devem ser registrados na SEC ou na CVM aqui.

Como vai acontecer: em vez de abrir uma empresa em países regulados, você pode simplesmente abrir em países não regulamentos ou explicitamente amigáveis a ICOs como Estônia, Rússia, Ilhas Cayman, Gibraltar e oferecer os coins lá. Listar em corretoras abertas em países igualmente abertos, principalmente se for uma corretora que só opera cripto-para-cripto como a Binance.

Em países regulados, você pode negociar suas moedas fiduciárias em corretoras que negociam pares de fiat-para-cripto e mover suas coins para corretoras de fora. E assim participar do mercado de ICOs como bem quiser. Sem necessidade de alguém autorizando ou não.

Por isso os países restritivos vão precisar rever seus conceitos logo, porque a idéia de criptomoedas é justamente romper as barreiras geopolíticas. Em seu mundinho pequeno, você pode achar que não tem valor nenhum para você. Mas pergunte a um venezuelano e ele vai lhe dizer como a vida dele seria muito mais difícil sem criptomoedas. O governo destruiu a Venezuela, em 1 ano eles cortaram 11 zeros da moeda. O preço de imprimir a moeda ficou mais caro do que a moeda em si. Esse é o nível da hiperinflação que assola o país. E mais um aviso de porque governos populistas são os menos confiáveis. Você não tem nenhuma garantia que seu dinheiro na poupança vai existir daqui 10 anos. Por isso mesmo, quem pode nunca deixa todo seu dinheiro num país só. Você acha que não deveria confiar em criptomoedas? Eu acho que não se deveria confiar em governos da América Latina, ponto. Eu jamais deixaria todos os meus ativos acumulados no Brasil, e é por isso que estou tão interessado na Ásia.

Os ocidentais até tem uma noção disso, mas a Ásia é muito mais populosa que o Ocidente. Se você não tem idéia. Pense assim, as América tem 1 bilhão de pessoas. A Europa tem 1 bilhão de pessoas. O continente africano tem 1 bilhão. 4 bilhões estão na Ásia. A taxa de crescimento populacional nas américa, Europa e Ásia já estabilizou. Em alguns anos será a África a crescer demasiadamente, então vamos ficar com 1 bilhão nas Américas, 1 bilhão na Europa, 3 a 4 bilhões na África e 4 bilhões na Ásia.

Seu mundo é muito pequeno se você pensa só nas Américas e na Europa. Qualquer coisa que vai ter impacto global, seja economicamente, climaticamente ou qualquer coisa assim vai vir primeiro da Ásia e depois da África. Você sabia que sabendo disso, hoje a África é a China da China? Veja este vídeo.

https://www.youtube.com/watch?v=zQV_DKQkT8o

Moedas são um conceito financeiro. Você provavelmente ou viveu ou lembra seus pais falando da hiperinflação que passamos nos anos 80 até meio dos 90. O “remédio” para isso envolveu a criação de uma segunda “moeda”, em termos atuais, uma “stable coin” que serviu para nos “ensinar” a viver numa economia estável, sem grandes variações de preço. Foi uma moeda virtual paralelo no dia a dia da economia que poderia ser o equivalente a uma Bitcoin hoje. Ela foi a URV, que ajudou a limpar o caminho antes da entrada do Real. Se você não conhece a história recomendo a assistir este filme brasileiro que conta um pouco dessa história.

Voltando ao ponto, em resumo, a maior parte das conferências ficou centrado em muitas das startups abrindo ICO apresentando porque você deveria investir nelas - e eles fazendo pitch para as corretoras para ver se eles conseguem ser listados numa Binance. E a discussão de representantes de diversos países discutindo a situação atual de regulamentação, incluindo um pitch forte para países irem ver como está Taiwan, Malta, Suíça, Cingapura, por exemplo. E um recado aos países Ocidentais que se eles ficam relutantes por muito tempo, vai ser tarde porque a Ásia e o Leste Europeu estão acelerando.

Eu fiz algumas pesquisas, a América do Sul é um caso vergonhoso de adoção de criptomoedas. Como sempre, estamos uns 5 anos pra trás de todo mundo. Veja o Brasil, se você procurar saber quão o volume de transações digamos que num dia normal sejam registrados cerca de 700 BTC negociados por dia. Em todas as corretoras.

Isso é ridículo. A Venezuela sozinha negocia isso numa única corretora. O mesmo vale pra Colômbia e se não me engano até no Peru. Uma única corretora negocia isso por dia. Uma única pequena corretora dos Estados Unidos negocia 5 a 10 vezes isso por dia, e isso porque eu disse no vídeo anterior que só 1% da população tem criptomoedas de alguma forma.

No Japão? Só a bitflyer que é uma das maiores corretoras negocia quase 300 mil bitcoins por dia. O mesmo vale pra Coréia do Sul. A Binance, sozinha negocia quase 50 mil BTC por dia. Estamos falando de volumes nunca vistos na América do Sul.

Some a isso ao fato que nosso mercado é pobre em tecnologia e em visão de negócios. Desses 700 BTC eu não ficaria surpreso de confirmar que metade do valor é basicamente nulo, são negociações automatizadas para inflar o volume, sem equivalente em lastro de criptomoedas. Então o Brasil como um todo, se negociar 300 BTC por dia, é muito.

Para um país que tem quase 4 vezes o PIB da Colômbia, nosso resultado em criptomoedas é vergonhoso, pra dizer o mínimo. E ICO? Vc já ouviu falar de alguma, onde são negociadas? Quais os modelos??? Realmente temos um longo caminho a perseguir.

O povo em geral não gosta de riscos mas gosta de superstições, messias e salvadores da pátria. É um povo acostumado a terceirizar seu futuro a figuras folclóricas que acham que vai fazer melhor do que ele. De chavistas, a castristas, a peronistas, ninguém aprende com a história e continua apostando seu futuro num messias. Asiáticos e Norte Americanos tendem a ser mais individualistas: meu futuro é meu, deixa que eu cuido. Se eu fizer merda, perco tudo, mas eu que perdi, não um falso messias que perdeu por mim. Por outro lado, se eu ganhar horrores é tudo meu, que ninguém venha me tirar. Esse é o correto e o que garante a contínua evolução da humanidade.

Outro ponto importante que foi levantado na palestra de Jason Han da Kakao. Quando o browser foi inventado no começo dos anos 90, já existia 2% da população mundial usando a Internet de alguma forma, mesmo que bem primária como troca de e-mail e vendo páginas de conteúdo de universidades. O uso de criptomoedas no mundo ainda está nos 0.2%. E mesmo assim já temos o market cap de agora. Estamos caminhando para os 2%, imagine o crescimento exponencial a partir dali. Eu já disse isso em outros canais e repito aqui: estamos na era pré-browser, pré-amazon, pré-google, imagine as possibilidades.

Nossa missão? Chegar aos 2%, nesse ponto vamos começar a ver a matemática exponencial começar a gerar resultados mais palpáveis para a maioria da população. Este é o começo, você tem a oportunidade de entrar logo no começo. Os próximos 10 anos prometem.

No próximo episódio eu vou concentrar a maioria das startups que estavam presentes nos eventos numa montagem mais rápida para finalizar o assunto da Coréia. O que acharam deste episódio? Não deixem de comentar abaixo, dêem um joinha se gostaram e assinem o canal e cliquem no sininho para não perder nenhum episódio!

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