Meu primeiro compromisso na quinta, dia 13 de setembro, foi um almoço nos escritórios do Twitter, com o Martin Aumont e o grande Fábio Kung - que hoje trabalha no Heroku. Os escritórios do Twitter ficam num predio de estilo mais tradicional na Market St. aproximadamente na altura da 11th St. Uma boa caminhada para quem estava na 5th mas novamente nada muito longe que não dava para ir andando mesmo.
Diferente do que alguns podem imaginar, o Twitter não é mais uma "Startup". Pode até ser considerado no sentido de modelo de negócio que ainda precisa se provar em termos de monetização melhor ou coisa assim. Mas para todos os efeitos ela já é uma grande corporação. Com cerca de mil funcionários, uma empresa desse tamanho sempre converge para um modelo tradicional, hierárquico e departamental onde a maioria não se conhece mais.
O refeitório é muito bom, espaçoso para conseguir atender tantos funcionários, muitas opções de pratos para todos os gostos, e como fica na cobertura tem uma excelente vista da cidade. O ambiente de trabalho em si é bonito e organizado mas com uma cara mais corporativa, mantendo um certo silêncio. Existem áreas de jogos e café que são bem equipados ainda, mas no geral não há como confundir que estamos numa empresa "normal", que precisa manter uma infra-estrutura hoje bem complexa pra atender seus milhões de usuários e suas demandas. Para ter uma idéia do que quero dizer, procurei por alguma parede que tivesse um logotipo grande do pássaro símbolo do Twitter para poder usar de pano de fundo numa foto, mas não encontrei nenhuma. Na pratica, muitos dos lideres e veteranos originais já saíram. Os que ainda estão, possivelmente estão esperando dar o prazo necessário para exercer suas stock options e depois sair, talvez para montar novas Startups. E o ciclo continua, cada vez mais rápido.
Aproveitando que o Kung nos acompanhou nessa visita ao Twitter, resolvi acompanhá-lo para visitar o Heroku que não ficava muito longe dali, descendo até outra paralela à Market St., se não me engano, entre a Howard e Harrisson. Diferente do Twitter, o Heroku ainda mantém seu perfil mais do que consideramos como "Startup", com menos pessoas, cerca de 100 ou 150 (se aproximando do famigerado número de Dunbar). O ambiente é menor, decorado de uma forma mais convidativa do que um escritório corporativo. O lugar não é apertado, mas você sente algo mais acolhedor. Não concluí se é a decoração, a disposição dos ambientes, mas me senti muito confortável.
Não há nada de extravagante, diria que é um ambiente muito funcional, num pequeno prédio de 2 andares onde as pessoas trabalham, 1 subsolo onde fica o estacionamento de bicicletas e a mesa de Ping Pong, e uma cobertura aberta onde dá até pra fazer um pequeno churrasco.
Uma característica dos prédios na região abaixo da Market St (literalmente conhecido como "SoMa" ou "South of Market"). é que são todos industriais. Pelo que ouvi dizer, a região era industrializada mas não sei por qual razão muitas dessas empresas deixaram de existir. Agora muitas Startups começaram a povoar o local e usar prédios industriais. Por isso existe um ar meio "industrial" na decoração de toda Startup dessa região. Olhe para o teto e vai sempre ver emaranhados de canos passando sobre suas cabeças.
Conheci um dos fundadores do Heroku, James Lindenbaum, quando ele ainda não era tão conhecido em 2008. 4 anos depois hoje ele faz parte do conglomerado que é a SalesForce.com de Marc Benioff que, como contei em primeira mão durante minha viagem ao Japão, contratou o criador do Ruby, Yukihiro Matsumoto e outros rubistas japoneses para trabalhar sob seus cuidados.
Mesmo fazendo parte desse conglomerado, pelo menos até agora parece que o Heroku teve a oportunidade de trabalhar de maneira quase independente do resto da SalesForce.com que, por sua vez, emprestou seus músculos. Não sei com certeza, mas imagino que a influencia do Benioff foi importante quando o Facebook passou a recomendar o Heroku toda vez que você cria uma nova aplicação. Somente algumas áreas administrativas passaram a responder à nave mãe, mas a cultura de engenharia ainda deve continuar por mais algum tempo.
Não querendo perder tempo, depois dessa visita encontrei o Alex online novamente e perguntei se poderia conhecer a Startup onde ele trabalha, o Stripe. Agora a caminhada foi da altura da 11th até a 2nd St. A Stripe é um pequeno andar de um prédio nessa rua, minúsculo se comparado ao Twitter ou Heroku. Mesmo assim estamos falando em algo em torno de 300m2. Novamente, bem decorado, nada extravagante, alguns sofás, uma cozinha onde eles podem fazer as refeições juntos (já que são poucos funcionários, talvez na faixa de 30).
Não cheguei a conhecer os fundadores mas parece que eles já tinham sucessos anteriores e não entraram por acidente no negócio de meios de pagamento. O Stripe ainda nem de longe administra um volume de transações tão alto como um Paypal. Porém o tamanho do Paypal tem criado problemas para ele mesmo. E sua resposta tem sido uma série de políticas e regras que estão desagradando muita gente e os levando a procurar alternativas mais flexíveis, como a Stripe. Além disso, também diferente do Paypal, ele oferece painéis de controle mais usáveis e APIs mais bem feitas e limpas para desenvolvedores. Alguns dias depois que os visitei, eles abriram no Canadá. Espero que não demorem a considerar o Brasil como opção.
Aproveitando, o Alex me colocou em contato com outro amigo dele da região, Harry Shoff, que é Engenheiro de Design no AirBnb, e foi assim que já consegui a primeira visita do dia seguinte.
Retornei à região onde estava no começo da semana, próximo ao The Concourse, Zynga, Adobe, que é a região conhecida como Potrero. Soube que é onde será a nova sede do Heroku. Eles devem se mudar nos próximos meses para comportar seu crescimento.
Algumas ruas mais abaixo encontrei um grande prédio de fachada negra onde compartilham espaço a Jawbone (famosa por fones com cancelamento de ruído e caixas de som portáteis) e a agora famosa AirBnb.
Não me parece que o nome é muito conhecido no Brasil mas eles já estão em dezenas de países do mundo. Eles facilitam encontrar casas no mundo que você possa alugar pra passar alguns dias, em vez de ficar num hotel. E se você é proprietário de casas ou apartamentos para alugar por curtos períodos, pode listar nesse site.
Assim como o Heroku eles estão planejando se mudar desse prédio por causa do crescimento. Mesmo assim estamos falando de um espaço grande, onde trabalham cerca de 200 pessoas. Ainda existe um ar de "Startup", mas que demonstra uma transição pelo crescimento. Esta é uma empresa que também está passando da fase Startup e se estruturando para se tornar uma corporação.
Em termos de decoração o que mais chama a atenção é que eles tem muitos aquários no meio do espaço aberto que são salas cê reunião. O diferente é que cada sala de reunião é decorado de forma completamente diferente umas das outras.
Como o negócio do AirBnb é facilitar encontrar os lugares diferentes e até exóticos, de tempos em tempos eles escolhem alguns dos mais famosos, enviando uma equipe para fotografar e detalhar um cômodo desse local. Então eles replicam esse cômodo numa sala de reunião, fazendo uma cópia o mais fiel possível, comprando os mesmos moveis, até contratando pintores locais para replicar os quadros.
O lugar leva decoração tão a sério que até os banheiros tem estilo. O banheiro masculino do segundo andar é escuro, parece um banheiro de balada, e tem uma cabeça e veado na parede.
O item mais interessante para mim, que não conhecia a história do AirBnb - AirBed & Breakfast, foram as caixas de cereal em exposição, réplicas grandes das originais que tinham cereais de verdade, com as caricaturas do McCain e do Obama nas eleições de 2008. Diz a lenda que os fundadores acabaram ficando sem dinheiro antes de conseguir terminar o AirBnb. Uma solução que encontraram foi vender cereais, reempacotacos em caixas dos candidatos, como edições especiais. E acabou dando certo, eles conseguiram acumular USD 20 mil, que foi o suficiente para terminar o produto. E o resto é história.
Depois disso, aproveitei que estava próximo do Heroku e passei o resto da tarde por lá já que tinha algumas ligações pra fazer. Uma coisa legal das empresas dessa região é ter essa noção de não se incomodar um estranho pelo escritório de vez em quando, a maioria é bem receptiva a conhecidos.
Na segunda-feira iniciei o dia bem cedo para dar tempo de tomar café da manha na Pivotal Labs, não muito longe do meu hotel na Harrisson perto da 3rd St. Curioso que ela é vizinha a uma faculdade e ambos os prédios tem o mesmo número, por isso alguém pode acabar errando a entrada como eu.
O escritório da Pivotal é um grande andar que deve ter perto dos seus 400 ou 500m2, suficiente para cerca de 200 pessoas. Novamente, não estamos falando de uma Startup, apesar da decoração ainda ter alguns elementos mais informais. Não se enganem, a Pivotal é uma empresa consolidada de 15 anos de idade. E diferente de todas as outras que visitei, não é uma empresa de um único produto e sim de serviços, uma consultoria.
Além desse escritório em São Francisco ela tem outras pelo pais, totalizando um efetivo de pelo menos 400 funcionários. De curiosidade, um antigo CTO que saiu da Pivotal, Ian McFarland, foi ser CTO de outra consultoria, a New Garage em Tóquio, no Japão.
Ela é famosa por implementar Agile de uma maneira mais rígida do que a maioria das empresas ágeis atua. Não é exagero dizer que o café da manhã serve de incentivo para que as pessoas cheguem no horário. Pude participar como ouvinte da reunião matinal das 9h (em ponto) com todos no escritório. E às 9:05h cada equipe estava fazendo seu equivalente a Daily Scrum matinal.
Logo a seguir fui visitar a Engine Yard. Em 2010 tive a oportunidade de conhecer o antigo escritório que ficava mais pra baixo na região da 4th St, na época em que o Ezra, Yehuda, Carl, estavam todos lá. Sendo sincero, devo dizer que de todos os escritórios que visitei foi o que menos gostei, principalmente porque as pessoas que eram a alma de desenvolvimento não estavam mais lá como o próprio Ezra, a equipe JRuby, a equipe Rubinius, Charles, Evan, Yehuda, Carl.
O espaço em si não é pequeno, é um andar de um prédio, o mesmo onde fica a revista Wired, por coincidência. Mesmo assim deve ser no máximo o dobro do espaço de uma Stripe. Não sei se foi coincidência do dia que fui, mas o escritório me pareceu bem vazio, e além de tudo a decoração deixou na minha memória um cenário "cinza". E ao que parece nesse mesmo dia foi oficializada a saída do antigo CTO, Tom Mornini. A visita valeu mais para eu poder sair, tomar um café e bater papo com o bom e velho Dr. Nic.
Novamente coincidência, Hiro Asari, ex-Engine Yard e agora na Redhat, na equipe do OpenShift tinha chego na cidade e fomos almoçar juntos. Aproveitei para almoçarmos juntos e conheci um amigo dele que trabalha numa pequena consultoria de Rails que foi a criadora do RefineryCMS. Conhecem esse CMS? Recomendo dar uma olhada se ainda não viram.
Minha próxima parada seria no Github, não muito longe, então o Hiro me acompanhou nessa. Essa visita marquei com a Kami Lott, que é meio o papel conhecido como "Team Vibe", um papel que vi em outros lugares como no Heroku, uma pessoa ou uma equipe responsável por cuidar para que o escritório sempre esteja equipado, que todos sempre tenham tudo que necessitam, que organizam as festas e tem a missão de tentar sempre manter a moral de todos elevada.
O primeiro fato curioso foi que quando eu e o Hiro chegamos, tocamos a campainha não apareceu ninguém, o lugar estava deserto. Esperamos um pouco e nada, então decidimos esperar no Starbucks atravessando a rua. Depois de algum tempo, vemos um grupo entrando no prédio ao mesmo tempo. Boa parte da equipe fica remota, em outras cidades, mas quem vai no escritório ainda mantém um bom relacionamento.
O escritório em si, novamente num prédio industrial, um grande espaço que deve ter seus 500m2 e hoje deve ter mais de 100 pessoas no total (no máximo tinha uns 30 ou 40 no dia que fui visitar). Infelizmente nesse dia não encontrei nenhum dos fundadores, nem o Chris, ou PJ, ou Tom estavam por lá, então a Kami é quem se encarrega de fazer um tour pelo escritório.
O espaço é informal mas ao mesmo tempo organizado, com apetrechos de decoração como as diversas pinturas de Octocats, console de suporte estilo espacial. Eles tem até uma área de merchandizing com um estoque grande de camisetas, adesivos, canecas e outros brindes que eles enviam pra quem compra.
Saindo do Github segui mais ao sul de Mission Bay para pegar o Caltrain, o trem intermunicipal que você pode usar para cruzar todas as cidades que compõe o Vale do Silício. Entrei em contato com o Martin Englund que convidei para a Rubyconf Brasil 2012 para falar de seu trabalho no projeto CloudFoundry.
Se você não conhece o CloudFoundry, imagine se fosse possível ter todas as tecnologias do Heroku em open source para que você pudesse ser capaz de criar sua própria infraestrutura de platform as a service. Esse projeto foi iniciado por figuras importantes como o Ezra, que foi co-fundador da Engine Yard e encontrou na VMware um lugar para executar o que ele não havia conseguido na empresa que ajudou a funda.
Agora coloque em perspectiva. Até agora estávamos falando de startups ou pequenas empresas ainda em crescimento em Mission Bay, San Francisco. A VMware é uma empresa consolidada mais tradicional do Vale do Silício que, como tal, fica mais ou sul, em Palo Alto. E estamos falando de outra escala de corporação, com mais de 10 mil funcionários. Seu complexo de prédios é grande.
O Martin foi um excelente guia, me mostrou os escritórios, contou um pouco do projeto e posso dizer que fiquei bem impressionado. Lembram como falei que o Heroku inteiro tem pouco mais de 100 pessoas? Dentro as 10 mil da VMWare, o projeto CloudFoundry sozinho tem aproximadamente 100 pessoas.
As empresas de Palo Alto parece que tem esse mesmo estilo mais "austero", mais "tradicional". Os departamentos são bem organizados, a infraestrutura é sólida, e todos os engenheiros ocupam os famosos "cubículos". Não se enganem, estamos falando de um ambiente muito confortável, eu diria que o ideal para quem quer ser realmente produtivo.
Não é difícil ficar mal acostumado num campus desse tamanho, com tudo que ela oferece. Restaurantes, ginásio de esportes, áreas de lazer com chafariz e praça ao ar livre. O estilo das empresas de Palo Alto sempre tem um certo estilo da universidade de Stanford, e não por acaso.
Existe uma simbiose entre Stanford e Palo Alto. Exemplo disso é o professor Jim Clark, lendário fundador da Silicon Graphics e da Netscape. Parece que não é incomum professores serem Angels de startups que seus alunos iniciam. Basta lembrar onde foi que o Google começou. Outra coisa que não me informei direito é que parece que Stanford é dona de uma parte das terras de Palo Alto e ela não vende para ninguém, então as grandes empresas da região "alugam" de Stanford. O futuro da universidade é intimamente ligada ao sucesso das empresas de tecnologia da região. Uma simbiose muito benéfica para ambos os lados.
Outra peculiaridade é que diferente de São Francisco onde dá para ir a qualquer lugar a pé ou de bicicleta, é praticamente impossível simplesmente caminhar em Palo Alto. Tudo é muito longe, e algumas ruas sequer tem calçadas. Felizmente o Martin foi muito gentil de me dar um tour pela cidade e depois de passear pela VMWare ele me levou ao campus do Google, do Facebook e da Oracle. Infelizmente eu tinha somente poucas horas disponíveis então só fizemos uma passagem muito rápida por cada lugar.
Vizinha à VMWare, literalmente atravessando a rua está a famosa Xerox Parc, berço de inovações como a interface gráfica e o mouse.
O Google é gigantesco, uma verdadeira cidade, com ruas, quarteirões, todo mundo transitando de bicicleta entre os diversos prédios. Dizem que ela foi construída inspirada no estilo do campus da universidade de Stanford. E tem suas diversas excentricidades como um carro-biciclera para cinco pessoas fazerem uma rápida reunião olhando umas para as outras ao mesmo tempo que pedalam entre prédios. Ou algo mais simples como as bicletas coloridas com as cores do Google, ou o esqueleto em tamanho natural do Tiranossauro Rex decorando um dos jardins.
Quando fomos ao Facebook já estava de noite e não deu para ver muita coisa. Chegando próximo à região encontramos de cara uma placa com a famosa mão de "Like", porém não tem muito mais do que isso do lado de fora do prédio principal. Ele é bem menor que o Google, claro, e tem uma cara bem mais séria do lado de fora. Sequer encontrei um logotipo visível. Pelo que o Martin me contou aquele era o antigo prédio da Sun Microsystems antes de ser dissolvida pela Oracle.
E falando em Oracle, também passamos próximo ao seu complexo. Ele é grande em outra proporção, vertical. São diversos prédios organizados como um condomínio com um enormel lago cercando sua parte frontal antes do estacionamento. Diferente da gradiosidade do Google que expressa uma universidade, tudo na Oracle expressa o auge de uma corporação muito séria. Sinceramente não me vejo trabalhando por ali me sentindo confortável.
Assim terminei minha rápida excursão por Palo Alto e cidades próximas, graças ao Martin.
No dia seguinte, de volta a São Francisco, entrei em contato com Xavier Shay, que muitos devem se lembrar como o criador do mini-blog Enki. Por acaso cruzei com ele no ano passado, no metrô de Tokio, depois da RubyKaigi. Ele é australiano e recentemente se mudou para São Francisco para trabalhar na Square de Jack Dorsey, minha próxima visita.
Esta foi a única startup que não tirei fotos. O motivo é que eles são extremamente cuidadosos com visitantes. Foi a única empresa que visitei até hoje onde tive que assinar um Non-disclosure Agreement (NDA) logo na recepção. Além disso ninguém é permitido dentro do escritório sem estar acompanhado por um responsável. O Xavier me mostrou o lugar. Novamente, é uma "startup" que está na transição de se tornar uma corporação. O ambiente é como os outros, estilo aberto, sem muitas salas fechadas além das de reunião e algumas áreas onde eu explicitamente fui proibido de chegar perto. Nesse dia, para terem uma idéia, a Square tinha acabado de ser avaliada em USD 3.25 Bilhões.
Depois dessa visita, meu próximo destino foi o Yammer. Na festa do Gogaruco patrocinada pelo Yammer conheci rapidamente a programadora e palestrante Heather Rivers. Então trocamos tweets e marquei de visita-los. Eles ficam num prédio bem longe mais ao Sul de Mission Bay, no mesmo lugar onde ficam outros nomes conhecidos como Techcrunch, OpenDNS. O Yammer, para quem não conhece, pode ser descrita como uma rede social corporativa. Eu mesmo nunca sei mas parece que uma parte importante é o chat corporativo já que mencionaram sobre o Chatter da SalesForce ser um concorrente.
Quando cheguei por acaso a Heather não pôde me receber - bugs urgentes em produção. O chefe dela, um dos fundadores e mais um pessoal me recebeu lá muito bem, tomamos um whisky e eles me contaram um pouco da história e dia a dia deles. O Yammer hoje é uma aplicação Rails monolítica que cresceu demais, inclusive acho que foi esse o tema da palestra no Gogaruco. Agora está em processo de modularização. Mas eles estão indo bem, já que a empresa foi vendida a USD 1.2 bilhão para a Microsoft.
Repetindo - vocês já devem imaginar - prédio estilo industrial, paredes de tijolos, canos no teto e tudo mais. Outra Startup que se tornou uma empresa estabelecida, agora em processo de corporativização. Neste exato momento eles passaram do ponto de quantidade de pessoas que cabem no mesmo lugar. Estão para se mudar mas está bem apertado trabalhar todos no mesmo espaço. Foi interessante ver isso, foi o que me deu o insight sobre a dinâmica do crescimento de uma Startup, quando ela é pequena e ágil, depois o sucesso e crescimento (para alguns poucos, claro!) até se tornar uma empresa estabelecida que deixa de ser uma Startup, como uma Yahoo!, Google ou Facebook, se tornando grandes corporações estruturadas da maneira clássica, com departamentos, burocracia e tudo mais. É o preço inevitável dos poucos que atingem esse grau de sucesso.
Finalmente, minha ultima parada seria na Get Satisfaction. Graças ao mexicano Francisco Viramontes que me fez o convite de visita via Facebook. Pude conhecer outro tipo diferente de negócio. Diferente das outras Startups ela fica numa vizinhança um pouco mais distante na região de Mission District, na Bryant St., mais ao sul ainda de SoMa.
E como disse antes, essa semana a SalesForce.com estava realizando sua conferencia Dreamforce no Moscone Center. Como a Get Satisfaction faz parte do ecossistema de parceiros praticamente todos do escritório estavam no evento. Ela já não é uma empresa tão nova, tendo sido fundada em 2007 para criar comunidades onlines entre empresas e seus consumidores.
Mesmo assim eu pude conhecer o escritório e trocar algumas palavras com algumas pessoas. Impressionante como uma inocente cerveja no fim de expediente pode ser educativo, pois tive a oportunidade de ouvir algumas das histórias de bastidores das startups de São Francisco.
E esta foi a última empresa que tive a oportunidade de visitar em São Francisco. Infelizmente devido à minha estadia ter sido encurtada não pude visitar todas as empresas que queria nem reencontrar todas as pessoas que eu esperava, mas acho que foi bastante produtivo.
Uma coisa importante para os leitores, especialmente os que ainda vêem o mundo das startups com um certo entusiasmo irreal. Entendam: a maioria (se não todas) as que eu visitei acima são empresas sólidas, onde os fundadores todos já tinham excelentes conexões com toda a rede de investidores, são articulados na mídia, tem reputação entre o mercado. Além disso, a maioria das startups que inicia com potencial sempre é um excelente lugar para se trabalhar. Porém o objetivo de uma startup é fazer sucesso e crescer. O crescimento rápido nem sempre é o que todos gostariam pois o ambiente muda rápido, a cultura da empresa também muda. Mas isso é inevitável, o oposto disso é a empresa fechar. Muitos vêem apenas um desses "instantes", quando tudo parece bonito e perfeito. Esquecem como era o antes e como é o depois. Tudo muda, nada é do jeito que se quer para sempre. E para quem não gosta de mudanças a resposta é simples: a fila está andando.