A parte interessante: é impossível “planejar” que as coisas aconteçam da maneira como aconteceram, as pessoas presentes é quem criaram esse clima. Especialmente aqueles que não eram do “staff-oficial” foram alguns dos diferenciais como a galera do #horaextra do Rio que agitaram muito; o pessoal do Jus Navigandi demonstrando seu livestream de twitter; a dupla dinâmica da Plano Bê Eliézer e Luis que participaram bastante dentro e fora do evento, etc.
Coisas inusitadas acontecem quando se cria um ambiente anárquico (!= bagunçado). Nem mesmo as coisas que deram “errado” foram problema, porque as soluções colocadas no lugar foram ainda melhores, no melhor estilo Ágil. O Obie Fernandez, por exemplo, estava confirmado para ir, mas teve problemas e mandou o Jon Larkowski no lugar (o funcionário #1 da HashRocket) e ele foi sensacional, super amigável, interativo, camarada mesmo. O Andy Hunt também teve problemas e no lugar fizemos uma coisa que não se vê em nenhum evento: um jogo que envolveu todos os mais de 100 participantes na hora, trocando todo mundo de lugar, metade do pessoal no palco e 4 apresentadores frenéticos correndo pra lá e pra cá, cortesia do Marcos Tapajós e do know-how da grande Improve it (depois farei um post extra só sobre isso).
Quase no fim do segundo dia, todos os palestrantes foram ao palco para uma sessão de perguntas e respostas que se centrou especialmente no tema empreendedorismo, produtos, agilidade, gerência de projetos. Além disso, no fim dos dois dias, saideiras no melhor estilo do #horaextra carioca até tarde da noite.
Os assuntos circularam entre Rails e Agilidade ou Empreendedorismo. Eu dei uma introdução básica ao mundo Rails, enfatizando a irrelevância da tecnologia se não existir um ecossistema e uma filosofia que a guia. Eu não defino Railers simplesmente como “programadores que usam a tecnologia Rails” ou, pior ainda, “programadores que esperam ganhar dinheiro só fazendo Rails” isso é besteira!
Palestras
Os temas foram variados, o Carlos Brando deu uma introdução à forma como o Ruby lida internamento com objetos, com alguns recursos de metaprogramação, e deve ter deixado algumas pessoas com a pulga atrás da orelha quanto às possibilidades. O Cauê Guerra demonstrou Cucumber rodando e também deve ter deixado o pessoal mais curioso sobre os benefícios de BDD (Behavior Driven Development). O Tapajós junto com o Sylvestre Mergulhão falaram sobre o RedeParede.com, como ele está arquitetado e uma dica interessante que me deixou curioso: usar Sphinx para fazer queries em MySQL em vez de usar SQL. Vale a pena pensar a respeito.
Pra variar eu não assisti todas as palestras :-) Mas eu vi parte da palestra do Régis Pires onde eles falam sobre a distribuição Easy Rails, um pacote para Windows que já vem com Ruby, Rails e diversos outros componentes como Apache tudo junto.
A última palestra foi de ninguém menos que Yehuda Katz, da Engine Yard, e principal desenvolvedor desta fase de refatoração e integração do Rails com Merb. Ele falou sobre as limpezas na parte de ActiveController, ActiveModel, e como agora é possível montar uma aplicação Rails totalmente minimalista sem usar os recursos avançados. Foi de longe a palestra mais técnica de todas e acho que muita gente não conseguiu seguir muito bem. Recomendo esperar a gravação para ver em mais detalhes. Mas a parte legal foi a de perguntas e respostas porque o pessoal não se intimidou e fez muitas perguntas legais e relevantes o que deu uma boa descontraída no final.
No segundo dia eu cheguei um pouco tarde então infelizmente acabei perdendo a palestra do William Fernandes. Na verdade assisti menos palestras no segundo dia. Sei que o Geoffrey Grosenbach enviou uma palestra em forma de screencast (no melhor estilo Peepcode :-), falando sobre sua experiência de empreendimento nos últimos 3 anos.
O Dante Régis, de Sergipe, falou sobre deployment de aplicações Rails e sua experiência desenvolvendo aplicações em Rails dentro do Tribunal de Justiça de Sergipe. É graças a esforços como o dele que boas tecnologias se espalham nos lugares mais burocráticos do país como governo e grandes empresas, famosos por estarem sempre obsoletos.
Foi no segundo dia também que o Tapajós deu uma palestra-resumo do famoso material da Improve it sobre Extreme Programming e depois fizemos o Jogo da Comunicação. Fizemos uma mesa-redonda de perguntas e respostas com os palestrantes, e também no final do dia o Paulo Fagiani deu uma introdução ao JRuby para demonstrar as vantagens da integração de Ruby com Java e finalmente o Jon Larkowski falou sobre o “Hashrocket Way”, a filosofia de trabalho de dentro da Hashrocket, que segue os valores do Manifesto Ágil, é baseado em camaradagem e, da mesma forma como o Obie no Rails Summit do ano passado, o Jon conseguiu deixar uma perspectiva muito positiva de prazer no trabalho e que é possível trabalhar se sentindo bem com o que se está fazendo e com seus colegas e clientes.
Eventos Ágeis
Graças às tomadas espalhadas pelo auditório e internet via wi-fi, o pessoal interagiu com quem não pôde ir, via Twitter, via live streaming de vídeo. Infelizmente, problemas técnicos impediram as gravações do Rails Summit ano passado, mas felizmente o Paulo colocou uma ótima infra-estrutura no Oxente e a comunidade vai ganhar muito. Aguardem as gravações para breve.
No tocante à comunicação é inaceitável que um evento de Tecnologia não tenha wi-fi (por mais lento que seja) e tomadas para os notebooks (mesmo que não para todos ao mesmo tempo). Com Twitter, canais de IRC, blogs e tudo mais os participantes querem participar, e não apenas serem ouvintes passivos ouvindo os outros falarem. Eu aprendi isso na RailsConf de 2008, implementei no Rails Summit e agora o Paulo também colocou no Oxente. Por exemplo, na sessão de perguntas e respostas com os participantes, foi legal ter o agregador de twitter do pessoal do Jus Navigandi aparecendo no telão atrás de nós e as pessoas interagindo por ela também.
Aliás, essa sessão em particular foi bem legal porque fugiu completamente ao status quo (coisa que eu adoro fazer). Normalmente essas mesas-redondas são literalmente “mesas” no palco, um copo d’água pra todo mundo, e um “separador” entre os palestrantes no topo e os participantes embaixo. É uma barreira psicológica. Quando o Tapajós sugeriu para sentarmos na beira do palco, imediatamente fizemos isso, o que nos colocou na mesma altura de todo mundo, o que imediatamente abriu uma linha de comunicação e interatividade que poderia ter durado a noite toda. São as pequenas coisas que fazem a diferença.
O Jogo da Comunicação que o Tapajós propôs também fez a diferença pois retiramos todos da posição passiva e os tornamos os atores principais da peça. Tudo isso torna o evento imperdível de se estar presente e não apenas assistindo online. Agilidade é realmente abraçar a mudança e fazer o melhor possível para ir em frente, e normalmente o improviso ainda acaba saindo melhor que o planejado.
O evento foi muito bom, tenho certeza que superou espectativas, deixou aqueles que não foram arrependidos e também deixou todos os que foram com aquela vontade de “quero mais” para o ano que vem.
Espero ver todos no Rails Summit este ano!