E-mail de um Railer brasileiro

2008 February 07, 13:38 h

Eu recebo vários e-mails de Railers, nem sempre posso responder todos – falta tempo. Nesse caso, peço que procurem a rails-br. O William Namikawa foi um desses e-mails, mas ele enviou algumas perguntas interessantes e achei legal fazer um post com isso já que são perguntas recorrentes. Para responder algumas, eu pedi ajuda dos universitários :-) No caso, meu chefe Carl Youngblood.

Então, vamos ao e-mail:

1. Como a crise econômica americana está afetando a demanda de projetos Ruby on Rails?

Carl: Não é bem uma crise, por equanto é apenas uma recessão nascente. O mercado já caiu mais ou menos 10-15%, mas não chega a ser muito difícil ainda. Estamos vendo um pouquinho menos interesse em nosso estado local, mas os centros tecnológicos do país ainda estão mostrando muito interesse no Rails.

2. E a demanda por brasileiros, como está?

AkitaOnRails: De vez em quando eu mesmo recebo algumas propostas de empresas americanas. Já vi uma empresa argentina e outra européia que não me lembro o nome. Alguns brasileiros da comunidade também já disseram que tem recebido propostas. Ainda não é nada nem perto da demanda massiva que se vê na Índia, mas está começando. Os brasileiros precisam demonstrar que tem mais capacidade técnicas que os indianos e também são mais fáceis de se trabalhar, não só pela maior aproximação da cultura e até no caso do fuso horário, mas nossa natural pró-atividade e qualidade.

3. Os americanos ainda preferem os indianos? Se positivo, sabe explicar o motivo?

Carl: Não sei. Os indianos, por pior que falem, ainda falam inglês muito melhor do que os brasileiros. Deve ser mais por isso que as pessoas tentam terceirizar o desenvolvimento mais na Índia, mas posso afirmar que é bem difícil achar bons programadores Rails na Índia.

4. O que as empresas americanas esperam dos brasileiros? O que
precisam que nós saibamos, que nós conheçamos? (Essa é uma pergunta
que servirá como um norte para mim.)

Carl: É imprescindível saber escrever bem o inglês. É importante saber falar bem o inglês, mas isto é um pouco menos
importante do que a escrita. Parece-me que os brasileiros têm valores mais semelhantes aos dos americanos, comparado com os indianos. Eles tendem a entender mais facilmente o que os americanos lhes explicam do que fazem os indianos. Por outro lado, o americano vai ser mais exigente com o brasileiro quanto a isso, porque ele custa mais e portanto o americano já acha que devem valer mais os serviços dos brasileiros. O americano também espera poder entrar em contato mais facilmente, pois o horario do Brasil é mais próximo dos EUA. Além disso, depende da posição quais habilidades técnicas serão esperadas.

5. Para aumentar o interesse das empresas aqui no Brasil por Ruby on Rails, não seria interessante fazer um RailsConf com CIOs? Será que não podemos chegar mais longe com isso?

AkitaOnRails: Eu realmente não sou um bom promoter :-) Ano passado fizemos alguns pequenos eventos locais entre desenvolvedores. Mas CIOs – pelo menos os que eu conheço – não se levantam de suas mesas para eventos que consideram “alternativos”. É a velha história: ele precisa receber convites bonitos, ser bem tratado, aparecer perante seus pares nos concorrentes. E ele não vai escolher porque é “melhor”, ele vai escolher o que dependendo do que seus fornecedores lhe “oferecerem”. Sempre foi assim. Em empresas médias e pequenas, normalmente os desenvolvedores tem mais influência e aí a cultura pode mudar de dentro para fora, que é o que eu acho mais plausível.

6. Será que não tem uma editora que possa nos apoiar? O´Reilly apóia a comunidade lá nos EUA e aqui no Brasil não seria possível uma IDG Brasil, Editora Campus, Alta Books, nos apoiar no Brasil? A IDG promove vários congressos pelo Brasil, quem sabe você não consegue se apresentar numa delas?

AkitaOnRails: Minha percepção – pessoal – é: as editoras brasileiras não gostam nem um pouco de risco. Isso deve remeter às editoras mais antigas na praça e que dominam o mercado. Editora brasileiras vendem ou commodity ou algo que tem venda garantida. Conteúdo original tem muito pouco espaço. A maioria prefere traduzir o que já é best-seller lá fora do que apostar num conteúdo novo e inovador. Lá fora a O’Reilly faz um grande trabalho de ser a porta de entrada de muita tecnologia nova. No Brasil apenas pequenas editoras como a Brasport tentam fazer isso, mas são sufocadas pelas grandes. Não conheço a IDG, então me corrijam se eu estive errado, mas eles fazem congressos e tudo mais de coisas que já estão sedimentadas no mercado ou cuja tendência lá fora já foi largamente comprovada.

7. Você acha que há alguma chance do Emotionmeter.net (meu primeiro projeto) dar certo? Se quiser me dar uma sugestão/crítica, aceito numa boa.

AkitaOnRails: Bom, não dá para saber. Se fosse possível saber que projetos vão bombar ou não eu mudava de ramo :-) Vamos perguntar à comunidade: o que vocês acham?

8. O que você acha que falta na comunidade Rails que eu possa ajudar? Já estou achando que tem muitos blogs. Será que a comunidade precisa de mais?

AkitaOnRails: A comunidade precisa de mais material. A porta de entrada para iniciantes no Brasil é muito mais alta do que para os americanos. Muito simples: todo bom material está em inglês. Eu venho tentando publicar algumas coisas. Mas precisamos de mais sites, wikis, tutoriais, forums, livros. Os iniciantes precisam de material mais diversificado e não os mesmos tutoriais o tempo todo.

Abraços,

William Namikawa

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