Off Topic: 300

2007 September 02, 03:49 h

Noite, madrugada de sábado, bom horário para começar a adiantar o trabalho (ouch, eu sei). Mas tudo bem, acabei de assistir novamente 300. Faz dias que comprei o DVD, só agora re-assisti, mas francamente nada se compara a uma boa sala digital THX como a do Kinoplex (ainda é a única sala THX de São Paulo?). Eu não me canso desse filme.

O trabalho cinematográfico de Zack Snyder é incrível, as câmeras dinâmicas, a fotografia, os efeitos especiais, figurino. Eu não consigo imaginar ninguém melhor do que Gerard Butler como Rei Leônidas. E, obviamente, a história de Frank Miller é impecável e inspiradora como sempre. Eu achava difícil superar o filme Sin City (outro dentre os favoritos da minha dvd-teca), mas 300 realmente ultrapassou todas as expectativas. Como Zack e Frank sempre disseram: isso não é um documentário, é um filme de entretenimento. O grosso da história real está lá, o resto é entretenimento puro.

Os gregos foram uma sociedade incrível. Desde pelo menos 6 séculos ‘antes de Cristo’, os gregos já estudavam as estrelas e os planetas como corpos celestes. Os embriões da cosmologia que influenciariam Galileo séculos depois já estavam lá. A matemática de Thales, Pythagoras e outros. A filosofia de Aristóteles, Platão. É uma pena que a Biblioteca de Alexandria, outrora a maior biblioteca do mundo, tenha sido brutalmente destruída.

Como Carl Sagan disse, imagine que nessa biblioteca estivesse os trabalhos de um tal Shakespeare, e que apenas alguns trabalhos como Coriolanus e A Winter’s Tale sobreviveram. Mas ouvimos falar que ele também escreveu peças, desconhecidas para nós mas que parece que eram celebradas à época, como Hamlet, Macbeth, Julius Caesar, King Lear, Romeo and Juliet. Se multiplicarmos isso por centenas de milhares, nossa sensação de perda pelos trabalhos de Aristarchus, Sophocles, começamos a entender a grandeza e conquista da civilização clássica e a tragédia de sua destruição.

Neste episódio de “Cosmos”, tem um trecho que não me sai da memória e que foi uma das origens do artigo Inimigos da Razão. Veja:

A última cientista que trabalhou na Biblioteca foi uma matemática, astrônoma, física e a líder da escola Neoplatônica de filosofia – um extraordinário` conjunto de conquistas para qualquer indivíduo de qualquer idade. Seu nome era Hypatia. Ela nasceu em Alexandria em 370 d.c. Numa época onde mulheres tinham poucas opções e eram tratadas como propriedade, Hypatia se movia livremente por domínios tradicionalmente de homens. Por tudo que se sabe ela era bela. Ela tinha muitos pretendentes mas rejeitou todas as propostas de casamento. A Alexandria da época de Hypatia – já há muito sob controle romano – era uma cidade sob grande força. A escravidão enfraqueceu a vitalidade da civilização clássica. A crescente Igreja Cristã estava consolidando seu poder e tentando erradicar a influência e cultura pagãs. Hypatia se manteve no epicentro dessas poderosas forças sociais. Cyril, o Arcebispo de Alexandria, a repugnava por causa de sua estreita amizade com o governador romano, e porque ela era um símbolo de aprendizado e ciência, que há muito havia sido relacionado pela Igreja como paganismo. Sob grande risco pessoal, ela continuou a ensinar e publicar, até que, no ano 415, no caminho para o trabalho ela foi pega por uma gangue fanática de Cyril. Eles a arrastaram para fora da sua carruagem, rasgaram sua roupa e, armados com conchas, fatiaram e arrancaram sua carne dos seus ossos. Seus restos foram queimados, seu trabalho foi destruído, seu nome foi esquecido. Cyril foi ordenado como santo.

Esparta, em particular, me trás boas lembranças. Lembro de aprender sobre Esparta e a Grécia durante as aulas de História no ginásio. A Grécia como um todo sempre me inspirou e mereceu meu respeito, principalmente se consideramos que estamos falando de uma civilização pelo menos 2 mil anos mais antiga que a nossa e, ainda assim, com conceitos muito avançados que algumas civilizações de hoje ainda não alcançaram. Seja pela democracia, filosofia, o refinamento da lógica e do raciocínio, da razão. Mas Esparta sempre foi um modelo. A parte que eu gosto? Como foi narrado no filme: “Somente os esforçados e fortes podem se chamar Espartanos. Somente os esforçados. Somente os fortes.”

Além do agora famoso clichê This, is, Sparta!! existem outras citações excelentes, uma delas:

(no final do filme) Dilios: Então meu rei morreu, e meus irmãos morreram, quase um ano atrás. Por muito tempo ponderei o discurso críptico de vitória de meu rei. Mas o tempo o provou sábio, porque de grego livre para grego livre, a palavra se espalhou de que o grande Leônidas e seus 300, tão longe de casa, deram suas vidas … não apenas por Esparta, mas por toda a Grécia e a promessa que este país representa. Agora, neste pedaço irregular de terra chamado Plataea, hordas de persas enfrentarão destruição! Lá mesmo, os bárbaros de juntam, puro terror apertando seus corações com dedos gelados, sabendo muito bem que horrores impiedosos eles sofreram pelas espadas e lanças de 300. E agora eles olham agora a planície com 10 mil espartanos comandando 30 mil gregos livres! Ho! O inimigo está em quantidade maior somente de 3 para 1! Boa taxa para qualquer grego. Neste dia nós resgatamos o mundo do misticismo e tirania, e começamos um futuro mais iluminado do que qualquer outro que poderíamos imaginar. Agradeçam, homens, a Leônidas e os bravos 300! À vitória!

Wishful Thinking, eu sei, mas inspirador mesmo assim.

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