Primeiro Aniversário

2007 June 30, 15:35 h

Quase me esqueci, ontem, dia 29 de junho, não foi somente o “iPhone Day”, “iDay” ou “iFriday” como eu já postei. Foi também meu primeiro aniversário de um mês trabalhando para a Surgeworks. Acho que é hora de um feedback aos leitores deste blog. Alguns devem estar curiosos.

Muitos de vocês devem ter lido meu post Um Desabafo, Parte II. Pois bem, trabalhar na Surgeworks, por enquanto, tem sido exatamente o oposto: meus chefes imediatos, Carl Youngblood, Dane Falkner, assim como meus colegas italianos como Mauro Dalu, Enrico Teotti, meus colegas indianos Pradeep e Naveen, e vários outros como Lauree Roberts, Brett Rasmussen, todos têm sido muito amigáveis, receptivos e excelentes colegas. Não conheci ninguém lá ainda que eu estranhasse ou algo parecido. Muito pelo contrário, apesar da distância temos nos comunicado via e-mail, IM, o tempo todo, todos os dias. Todos dão sugestões, temos boas discussões técnicas, e normalmente conseguimos chegar em bom consenso.

Já trabalhei em equipes assim antes, mas faz tempo. Durante os anos de 1997 a 2001, eu tive a felicidade de ter chefes com os quais eu podia discutir tecnicamente de igual para igual. Muito competentes, dinâmicos e que prezavam, acima de tudo, mais aprendizado, mais experiência. Eu cresci muito graças a eles. Arriscando esquecer alguns nomes, devo destacar Luli Radfahrer (antiga Kropki), Carlos Lima (STI, WebForce e agora iG), Bruno Mosconi (F/Nazca, agora Garage Interactive) e Ester Krivkin (antiga PSN.com, hoje TopTrends/CowParade). Mantenho contatos ainda com todos eles, com maior ou menor periodicidade.

Já no mundo de consultoria eu vivenciei os 5 anos de um período seco, de pouca evolução, pouca motivação. De fato me ajudou a fortalecer outros lados, a lidar com frustrações, a enfrentar problemas que não são seus, a encarar a falta de suporte de todos os lados. Felizmente pude trazer algumas boas soluções técnicas em várias ocasiões, mas não podia deixar de me sentir numa camisa de força. Meus clientes e meus chefes, na maioria das vezes, não chegavam aos pés dos meus amigos que listei acima. Muito pouco espaço para sugerir soluções criativas. Tive que enfrentar muito carreirista onde os objetivos eram diferentes dos meus: o meu sempre foi entregar a melhor solução nas melhores condições. Já os objetivos dos outros lados era simplesmente ter um pescoço de terceiro para torcer caso a coisa ficasse preta. Meu dia-a-dia era ficar sempre me defendendo pro-ativamente.

De repente, tenho uma volta ao passado, novamente estou num ambiente de confiança, onde se preza a qualidade nos projetos, onde a boa comunicação é uma rotina, não uma exceção. Devo dizer que é um grande choque. Claro, tive bons amigos que mantenho até hoje nesse período da consultoria, mas foi basicamente o oásis no meio do deserto (por mais clichê que isso soe).

Espero que tudo continue assim, pelo menos por mais algum tempo. Para mim é quase como tirar férias. E falando nisso, chego a outro ponto desse artigo: um pequeno desabafo pessoal. Trabalhar em casa, nas primeiras duas semanas, foi bastante empolgante. Não precisar mais pegar o trânsito caótico de São Paulo (onde eu perdia, pelo menos 2 horas por dia). Não precisar mais morrer assado no escritório. Não precisar mais encarar as mesmas caras feias e desmotivadas. Foi um sopro de ar fresco, sem dúvida.

Não estou dizendo que está ruim, muito pelo contrário. Trabalhar no meu espaço, no horário que quiser, no ritmo e na forma como quiser é bom. Mas nos últimos dias estou sofrendo uma angústia que imagino que outros que trabalham com home-office já devem ter sentido. Talvez a falta de pilares fixos de uma rotina como pegar o carro num determinado horário, sair para almoçar com as mesmas pessoas e nos mesmos lugares, todas essas referências sumiram. Estar olhando para um papel em branco é intimidante para qualquer um.

Eu imaginava que isso não foi acontecer, mas está acontecendo. O resultado é que eu estou me sentido extremamente improdutivo. Tenho pesquisado várias coisas diferentes, mas isso também tem dispersado minha atenção e está difícil focar em uma única tarefa. Quando você tem várias coisas que quer fazer ao mesmo tempo, fica sempre mais difícil terminar qualquer uma delas. Todo mundo sabe disso, eu sei disso, mas quando se encara o problema pela primeira vez a coisa muda de figura.

Nada disso, obviamente é um problema. É apenas uma fase que batizou os últimos dias desse primeiro mês. O que eu preciso fazer também é claro: voltar a ser mais produtivo. Preciso voltar a colocar minha cabeça no lugar, organizar minhas tarefas, minhas pesquisas pessoais, voltar a estabelecer referências mais fortes de horário, enfim, voltar a me disciplinar. Disciplina é uma palavra fácil de dizer e complicado de executar em mudanças drásticas de cenário. É quase como um choque térmico.

Felizmente consegui finalizar algumas tarefas para a Surgeworks, mas mesmo assim vou dormir com a sensação de que deveria ter feito muito mais, e não é porque estou sendo modesto, mas porque eu realmente deveria ter aproveitado melhor meu dia. Essa sensação me incomoda. Veremos como me saio nos próximos dias.

tags: surgeworks

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