[Off-Topic] Tributo a Steve Jobs

2011 October 06, 01:41 h

Como todos já sabem, 5 de Outubro de 2011 marca o fim de uma era com a morte do visionário e empreendedor Steve Jobs. Durante os próximos dias todos os meios de comunicação publicarão artigos e mais artigos a respeito de sua vida e seu legado, sua biografia oficial deve ser lançada em breve, portanto não me alongarei repetindo a mesma história que hoje já é conhecida por todos.

Acredito que é a primeira vez que fiquei chocado e momentaneamente sem reação com a morte de alguém. Não se fala de outra coisa no Twitter e outras redes sociais neste momento. Muita gente está desolada. Muitos estão pessimistas que a Apple não vai sobreviver sem seu líder.

Pessoalmente, me sinto contente e com muita sorte de ter tido a oportunidade de ter vivido a geração seguinte a nomes como Steve Jobs. A Apple foi fundada em 1976 e incorporada em 1977. Quando o iPhone original foi lançado pela primeira vez, tanto a Apple quanto eu mesmo estávamos comemorando 30 anos. Da mesma forma, minha história com computadores e tecnologia se iniciava em 1984, ao mesmo tempo em que o Macintosh original estava nascendo.

Assim como Steve Jobs subiu no ombro de gigantes como Robert Noyce, Hewlett Packard e outros das primeiras gerações da informática, nós desta geração tivemos a chance de observar um gigante trabalhando. É muito tentador tentar reduzir os feitos de Steve em “receitas mágicas”, como todos gostam de fazer com grandes biografias. Porém nenhuma das conclusões que todos querem tirar farão muito sentido.

Talvez a mensagem que melhor resume a filosofia que Steve Jobs popularizou com a Apple é o que foi ilustrado no icônico comercial de 1997 (bloguei sobre isso em 2007):

Obviamente, a que mais chega próximo à filosofia de vida de Steve é seu agora lendário discurso em Stanford de 2005 (bloguei sobre isso em 2007 também):

No começo do ano legendei o documentário da Discovery Channel que conta a história do retorno de Steve à Apple até o sucesso do iTunes + iPod (foi em Janeiro deste ano):

Se você não conhece esta história, vale a pena assistir. Se já viu, vale a pena rever. Coincidentemente, a história de Steve segue o Monomito ou a jornada do herói, a receita das grandes histórias detalhada por Joseph Campbell na sua famosa obra O Herói de Mil Caras. Ele resume:

“Um herói se aventura a partir do mundo rotineiro comum a uma região de maravilha sobrenatural: forças fabulosas são encontradas lá e uma vitória decisiva é ganha: o herói retorna dessa aventura misteriosa com o poder de conceder bênção a seus semelhantes”

A Jornada do Herói descrita por Campbell se divide em 3 partes: a Partida (Jobs e Wozniak na garagem iniciando a Apple); a Iniciação (a queda de Steve da Apple nos anos 90, seus desafios e aprendizados com a NeXT e a Pixar) e o Retorno (o retorno à Apple em 1997 e os sucessivos lançamentos que tiraram a Apple da quase-falência até a posição de empresa mais valiosa dos Estados Unidos).

Para mim, o sinal de que “O Império Contra Ataca” havia se transformado em “Retorno de Jedi” estava na simbólica aliança com sua arqui-inimiga Microsoft em 1997, que expliquei no post Para eu ganhar, o outro precisa perder ….

E no fim, é exatamente isso que – como Steve Jobs e outros gigantes – todos deveriam almejar: caminhar pelos passos da jornada do herói. Sair do comum, da mediocridade, do conformismo e arriscar, explorar, cair muitas vezes e se levantar quantas forem necessárias.

Nenhum esforço, nenhum suor ou sangue derramado é garantia de sucesso. Retornando ao comercial de 1997 lembre-se:

“Porque aqueles que são loucos o suficiente para achar que podem mudar o mundo, são os que conseguem.”

Que, para mim, é a contra-forma de dizer outra famosa frase comum (autoria desconhecida mas atribuída a Einstein, Ben Franklin, Rita Mae Brown, provérbio Chinês e outros):

“A definição de insanidade é repetir as mesmas coisas dia após dia e esperar resultados diferentes.”

Steve Jobs foi o exemplo moderno dos grandes exploradores, os navegantes que atravessaram oceanos para encontrar o novo mundo, os cientistas que quebraram as antigas crenças, e assim por diante. E eles não fizeram isso porque alguém os mandou fazer. Eles fizeram por eles mesmos, para suportar crenças que na época apenas eles acreditavam, mesmo que outros os chamassem de loucos, transgressores. E o tempo provou que os que o chamavam de louco é que eram os loucos.

Steve Jobs foi um exemplo moderno genial de como a visão exclusiva de um indivíduo tem a capacidade de moldar grandes porções de uma sociedade inteira, como expliquei em fevereiro. Steve Jobs foi um dos candidatos mais próximos de um Howard Roarke moderno.

Também coincidentemente, Steve trabalhou – mais do que eu, mais do que você, tenha certeza – até perto de 1 mês antes de morrer. Trabalhou os 7 anos em que enfrentou seu câncer. Finalizou seu trabalho repassando o bastão a pessoas de confiança que entendem sua filosofia, como Tim Cook, Phil Schiller. Conseguiu até mesmo terminar sua biografia. Ele tirou “férias”, forçadas, 1 mês antes de morrer.

Não lembro onde vi isso uma vez, mas uma frase que tem tudo a ver com isso é:

“Se não for para se tornar o melhor naquilo que faz, para que fazer?”

Para terminar, deixo os tweets que lancei logo que soube que Steve havia falecido, ensaiando para este tributo pessoal:

“Don’t despair or moan too much. Be thankful to have lived in the same generation as Steve. Now, what will do you do with this privilege?” – 4 horas atrás
“Did you slow down because of Steve’s death? That’s not how you honor him: speed up your own accomplishments, that’s what he would’ve done.” – 4 horas atrás
“U ppl that are sad. U had the chance to witness ‘miracles’. Stand up. Steve is daring u to live up to what he has started. What will u do?” – 3 horas atrás
“Steve Jobs was great because he lived for himself. It didn’t matter what others complained. And in the process everybody benefitted.” – 3 horas atrás

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